
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O mais recente Boletim Desigualdade nas Metrópoles mostra que a pobreza está aumentando em Fortaleza, com 34,8% de seus domicílios sobrevivendo com renda de R$ 325,50, equivalente a ¼ do salário mínimo (R$ 1.302 em 2023). A pesquisa refere-se ao quarto trimestre do ano passado. Essa tendência é observada há quatro anos, quando o percentual subiu de 28,5% em 2019 para 31,8% em 2022. O aumento da pobreza em Fortaleza difere da média nacional, que se apresenta estável. O boletim é produzido pelo Observatório das Metrópoles, em parceria com outras instituições que estudam o assunto. Os dados são colhidos na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
Segundo declarou ao O POVO o professor André Salata, coordenador do PUCRS Data, o aumento da pobreza em Fortaleza pode ser explicado pela informalidade e pela mão de obra com menos qualificação, devido à baixa escolaridade, cenário prevalecente nas regiões metropolitanas do Nordeste. Para o professor, a região também teve mais dificuldade em retomar a normalidade da economia no período pós-pandemia da Covid-19.
No texto que acompanha a divulgação dos dados da pesquisa, Salata analisa que, "de maneira geral", a renda nas metrópoles cresceu no intervalo de um ano para os diferentes grupos, "mas cresceu bem mais para os mais ricos do que para os mais pobres, que tiveram aumento bem mais tímido". Conforme o estudo, se entre as famílias que fazem parte das 10% mais ricas o crescimento da renda foi de 7,6% no período, entre as que estão na base da pirâmide (os 40% mais pobres), o crescimento interanual ficou em 1,54%.
Quando se faz o recorte regional, observa-se um fenômeno que se repete em estudos comparativos quanto a salário e renda. As regiões metropolitanas que apresentaram os piores níveis de renda média domiciliar per capita no quarto trimestre de 2023 estão situadas nas regiões Norte e Nordeste. Todas elas apresentaram índices abaixo da média do conjunto das regiões metropolitanas. Em ordem decrescente, as cinco regiões metropolitanas com menores níveis de renda média são: Fortaleza (R$ 1.079), Manaus (R$1.033), Maceió (R$ 1.025), Recife (R$ 1.020) e Grande São Luís (R$ 993).
Em contrapartida, as regiões metropolitanas com os maiores índices de rendimento médio estão todas no Sul e Sudeste, à exceção do Distrito Federal, em ordem crescente: Porto Alegre (R$ 1.876), Curitiba (R$ 1.969), São Paulo (R$ 2.212), Florianópolis (R$ 2.282) e Distrito Federal (R$ 2.530).
O que se observa, analisando-se esses índices, é que o desafio, ao lado de medidas urgentes para eliminar a pobreza, que impõe sofrimento a milhões de famílias, é preciso também a implementação de políticas que reduzam a indecorosa desigualdade que divide os brasileiros. n
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