O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
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Reportagem publicada na edição de ontem "Fortaleza é a 3ª capital mais desigual do Nordeste" divulga mais um estudo a provar que é nessa região e no Norte do País que os problemas brasileiros se tornam mais graves. Outras duas capitais nordestinas, Recife (PE) e Maceió (AL), aparecem em situação ainda pior no ranking, no qual Fortaleza ocupa a 20ª posição, entre as 26 capitais analisadas.
A capital nordestina mais bem colocada é Natal, em 12º lugar. As capitais nas piores posições são das regiões Norte e Nordeste: Belém (PA), em 24º lugar; Recife (PE), em 25º; e Porto Velho, em 26º. Em contrapartida, no topo da lista, figuram três capitais do Sul e Sudeste: Curitiba (PR), em primeiro lugar; Florianópolis (SC), em segundo; e Belo Horizonte (MG), em terceiro.
O Mapa da Desigualdade das Capitais Brasileiras foi elaborado pelo Instituto Cidades Sustentáveis, a partir dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Organização das Nações Unidas (ONU). A análise levou em conta itens como educação de qualidade, erradicação fome, saúde, renda, igualdade de gênero, habitação, água potável e saneamento, entre outros.
O recorte mostra que a capital cearense vai bem em alguns itens e muito mal em outros, abaixo da média das demais cidades. No quesito água potável e saneamento, por exemplo, todos os indicadores estão abaixo da média nacional, como em população atendida em serviços de água; atendida com esgotamento; e doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado.
Quanto à igualdade de gênero, Fortaleza está acima ou na média das capitais em três indicadores, mas quando se trata de feminicídios, fica bem abaixo da média, em 23º lugar.
Por outra vista, na área da educação, a pesquisa revela que 100% dos alunos têm internet nas escolas no ensino fundamental. Também fica acima da média geral o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), referente aos anos iniciais.
Em entrevista ao O POVO, o professor João Mário de França, do programa de pós-graduação da Universidade Federal do Ceará (Caen-UFC), observa que os bons indicadores em educação demoram para dar resultados concretos. Ele diz que, no Ceará, a melhoria começou nos anos iniciais do ensino médio, avançando para os anos finais. Assim, um processo que começou nos anos 2000, somente agora está propiciando uma melhora significativa no ensino médio.
Além disso, essa evolução não dá conta de uma grande parcela da população adulta que tem baixa escolaridade. E esse, segundo França, é um dos motivos para a persistência da desigualdade, pois dificulta a entrada de pessoas mais qualificadas no mercado de trabalho.
Em resumo, é preciso dizer que os problemas podem ser muitos, porém não intransponíveis. Para superá-los é preciso muito trabalho e uma ação mais efetiva do poder público. n
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