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A crise na Santa Casa de Misericórdia
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Editorial opinião

A crise na Santa Casa de Misericórdia

Não é a primeira vez que uma crise por falta de recursos se instala na Santa Casa de Misericórdia, que atua em Fortaleza desde o século XIX. Fundada em 1861, ficou conhecida como "hospital dos pobres", e passou a funcionar nos mesmos moldes de instituições similares que já atendiam o povo necessitado de outras cidades nordestinas, iniciativa do Padre Ibiapina, conforme registra o portal da instituição.

Mas se este não é o primeiro transtorno financeiro que atinge a Santa Casa, infelizmente, não será o último, se a situação não mudar. A saúde pública não consegue atender a contento a população, somando-se a grande defasagem da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), da qual dependem hospitais públicos, clínicas privadas e também as instituições beneficentes, que atendem a população de menor poder aquisitivo.

A combalida situação financeira da Santa Casa fez com que o atendimento cirúrgico caísse 94% em 2024, conforme anotou reportagem deste jornal, na edição de ontem. O motivo relaciona-se à falta de recursos, inclusive para manter em dia o pagamento de profissionais de saúde que prestam serviço na Santa Casa. Os anestesistas estão em greve desde dezembro do ano passado, devido ao atraso dos salários.

O grau do impasse financeiro com o qual o hospital se defronta pode ser medido pelo volume de recursos necessários para equilibrar as contas. Existe uma dívida acumulada de R$ 100 milhões, incluindo débito de R$ 30 milhões com fornecedores. Além disso, há um déficit de cerca de R$ 3 milhões, referente à diferença entre o custo dos procedimentos e o valor ressarcido pelo SUS. A tabela foi atualizada pela última vez em 2013, no governo da presidente Dilma Rousseff.

Em janeiro deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que determina a correção anual da tabela de serviços do SUS, em dezembro de cada ano. Os valores deverão ser "suficientes para o pagamento dos custos, a garantia da qualidade do atendimento e a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro". Mesmo se tudo der certo, o efeito não será imediato, e as necessidades são urgentes.

Contornando as dificuldades, o provedor da Santa Casa, Vladimir Spinelli, diz que procura implementar "inovações" para melhorar o atendimento aos pacientes, conforme escreveu em artigo neste jornal. Para isso, ele diz ter firmado parceria com universidades e instituições de ciência e tecnologia, com o objetivo de "modernizar" a administração, mantendo as características da Santa Casa como uma instituição filantrópica humanizada.

Mas Spinelli diz considerar injusto ter de "ficar correndo o tempo todo" atrás de emendas e doações para cobrir um custo que é do governo. Realmente, o mais correto seria que aqueles que podem doar fossem, de livre vontade, fazer uma visita à Santa Casa de Misericórdia. n

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