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Câmeras escondidas: é preciso investigar mais
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Câmeras escondidas: é preciso investigar mais

A deputada federal Dayany Bittencourt (União Brasil-CE) denunciou, nesta semana, em suas redes sociais, que encontrou câmeras escondidas no apartamento que ela alugava no Golden Tulip, em Brasília. A unidade fica dentro da rede hoteleira, mas é propriedade particular. A queixa da parlamentar foi feita no ano passado, mas a investigação, a cargo da Polícia Civil do Distrito Federal, corria sob segredo de Justiça. Ela mudou-se para imóvel no dia 21 de agosto de 2023; no dia 28, seus assessores localizaram as câmeras escondidas.

No inquérito policial, a que O POVO teve acesso, foi descartado que o equipamento tivesse o objetivo de espionar a parlamentar, pois as câmeras teriam sido instaladas antes que ela locasse o apartamento. O proprietário do imóvel, à época, afirmou em depoimento que instalou as câmeras para verificar se havia furto de objetos em sua unidade, mas que nunca aprendeu a acessar o equipamento. A mulher que comprou o imóvel também disse nunca ter acessado o conteúdo. Mas o fato é que as quatro câmeras estavam funcionando e gravando imagens.

No inquérito, Dayany disse que a espionagem pode ter relação com a sua atividade política ou do marido, que atuou contra o crime organizado no Ceará. Ela é casada com Capitão Wagner, ex-deputado federal e pré-candidato à Prefeitura de Fortaleza.

A deputada está indignada, disse que seu domicílio foi violado e mostra-se descontente com o resultado do inquérito. Sem dúvida, ela tem razão, pois um caso dessa monta tem de ser investigado até as últimas consequências, de modo a não deixar nenhuma dúvida. Ainda que a invasão de privacidade não tenha caráter político, permanece o crime de filmar pessoas, de modo clandestino, dentro de seu próprio domicílio.

Em nota, a parlamentar disse que o ato atingiu seus direitos individuais, garantidos pela Constituição, e também lhe impôs "um peso emocional imensurável, resultando em traumas, sensação de vulnerabilidade constante e pânico". Quanto ao inquérito, ela diz que "infelizmente" não foi obtida uma "resposta firme contra os criminosos".

Frente a essa situação, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, agiu com presteza. Segundo informou a jornalista Roseann Kennedy (Estadão), ele procurou o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, para conversar sobre o caso. De acordo com a coluna, Lira queria saber quais medidas poderiam ser adotadas pela Polícia Federal, estando o caso sob a responsabilidade da Polícia Civil.

Devido à situação na qual o país vive hoje, não será excessivo alertar que será por demais indevida a politização desse caso, vinda de onde vier. O que cabe é prestar solidariedade à deputada e deixar que a polícia faça o seu trabalho. n

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