Logo O POVO+
O que pode o Dragão do Mar
Foto de Editorial
clique para exibir bio do colunista

O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública

Editorial opinião

O que pode o Dragão do Mar

Pensar qualquer melhoria espacial impõe necessariamente situar o Dragão urbanística e socialmente, compreendendo essa malha de relações das quais é impulsionador e atrator
Tipo Opinião

O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC) chega aos 25 anos neste domingo (28) com muito a comemorar, a exemplo da própria longevidade e de uma marca exercida entre gerações de cearenses. Mas também com alguns obstáculos pela frente, entre os quais o de se fortalecer nos âmbitos estrutural e conceitual.

Do ponto de vista físico, o equipamento, talvez o mais importante do Estado, requer intervenções que extrapolam os limites estritos dos seus 30 mil metros quadrados, estendendo-se ao entorno imediato e a comunidades próximas, de resto carentes de assistência que exorbitam as fronteiras do centro.

Pensar qualquer melhoria espacial impõe necessariamente situar o Dragão urbanística e socialmente, compreendendo essa malha de relações das quais é impulsionador e atrator, desempenhando função dúplice numa das áreas ao mesmo tempo mais dinâmicas e vulneráveis de Fortaleza.

O segundo eixo diz respeito ao papel do Dragão como polo cuja missão se organiza em torno do trinômio formação/formulação/criação, sem descurar de nenhum desses aspectos - sob pena de comprometer sua razão de ser. Isso significa que os processos formativos no campo das artes e das linguagens estão diretamente conectados com a instituição como lugar de produção de pensamento crítico no Ceará, de que resulta o terceiro movimento, o da criação, completando um ciclo.

Formar (plateias e artistas), criar (produtos e soluções) e formular (políticas e respostas diversas) logo se integram num todo de atividades e ações que, se bem executadas e em sintonia de ideias e princípios, injetam vitalidade no tecido da cidade, notadamente daquela região degradada cujas demandas normalmente não são ouvidas nem levadas em conta quando aquários mágicos saltam das cartolas.

E essa não é uma variável desimportante na equação: Dragão e vizinhança estão sempre à espera de que os gestores públicos do Governo e da Prefeitura se comuniquem, de preferência num mesmo idioma, evitando que as diatribes e pequenezas da competição eleitoral acentuem os problemas, já em número suficiente.

O que se viu em anos recentes, contudo, foi a negligência a alguns desses pontos elencados, ora com o Dragão figurando como uma espécie de praça de dimensões ampliadas, o que não seria pouco; ora somente como palco de atrações sobretudo musicais (veja-se o caso da Maloca), o que igualmente não é de importância menor. Nada disso, todavia, explora a sua potência.

A riqueza do Dragão se dá no cruzamento desses fluxos, que se amplificam se canalizados para alimentar a multiplicidade de expressões artísticas, culturais e econômicas que comporta. Seu lugar não está nesse passado de nostalgia, de feitos e de um protagonismo superados, mas num presente desafiador e num futuro que faça jus ao simbolismo do nome que carrega.

 

Foto do Editorial

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?