O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
Levantamento exclusivo do O POVO revela que mais da metade das linhas de ônibus urbanos em Fortaleza sofreu redução no número de viagens, entre dezembro de 2023 e abril deste ano. A reportagem, assinada por Kleber Carvalho, publicada na edição de ontem, mostra o seguinte: foram 154 rotas (50,65% do total) que fizeram menos viagens no período estudado. A redução no número de deslocamentos nas rotas atingidas variou entre 41,46% e 47,85%. Os transtornos devido a essas alterações ficaram na conta de milhares de trabalhadores, que foram obrigados a viajar em ônibus ainda mais lotados. Ou foram obrigados a passar mais tempo nas paradas e nos terminais, prejudicando seus afazeres cotidianos.
As linhas mais afetadas estão em áreas das Secretarias Executivas Regionais 6, 9 e 10, todas em bairros periféricos, nos extremos da cidade, nos lugares onde vive a população mais pobre. Entre os bairros que mais perderam viagens no período está o Jangurussu, localizado em uma das áreas de menor índice de desenvolvimento humano (IDH) de Fortaleza. Uma senhora entrevistada pelo repórter, elencou os problemas acarretados devido ao menor número de viagens. Disse que, antes, esperava 30 minutos na parada (o que já era muito) e, agora, o tempo passou para uma hora. Além disso, ela tem de levantar mais cedo, o que lhe causa insegurança, devido a outro problema que preocupa os cearenses: a violência. Outra entrevistada disse que a superlotação nos veículos incomoda principalmente as mulheres, pois aumentam os casos de importunação sexual.
Procurado a dar explicações, confrontado com os dados, o Sindiônibus (sindicato que representa as empresas) saiu-se com uma nota anódina informando que o dimensionamento da "frota, rotas e linhas" são "fundamentadas em critérios técnicos, estabelecidos e autorizados pela Etufor'. A Empresa de Transporte Urbano, vinculada à Prefeitura, que regula o transporte coletivo, usou do mesmo subterfúgio, de uma nota que nada esclarece.
Não é a primeira vez que os usuários do transporte coletivo se veem às voltas com decisões que lhes são prejudiciais, mas cujos problemas são negados pelos responsáveis. Recentemente, com apoio da Prefeitura, o Sindiônibus tentou implementar em toda a frota as "catracas duplas" que obrigavam os passageiros a se espremerem para passar por elas. Depois de muita pressão, foram removidas. Agora, reduzem o número de coletivos em circulação, sem se importar com o prejuízo imposto aos passageiros.
A Prefeitura, concedente do serviço, parece mais preocupada em justificar os excessos do Sindiônibus do que investigar se o contrato de concessão vem sendo cumprido. Se a concessionária estiver contrariando o que foi acertado, que seja chamada a fazer os devidos reparos. Agora, se estiver operando dentro das normas, cabe à Prefeitura reformular os termos do contrato, de modo a oferecer um mínimo de conforto aos passageiros. n
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