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A mulher e o mercado de trabalho
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Editorial opinião

A mulher e o mercado de trabalho

As conclusões da pesquisa global Woman @ Work 2024, realizada pela consultoria Deloitte, dentro de um esforço de entender as condições atuais de trabalho do público feminino e suas preocupações no ambiente profissional, expõem o tamanho do desafio que ainda temos como sociedade para se alcançar o estágio justo desejado de equilíbrio de gênero. Ao ouvir 5 mil mulheres de dez países, 500 das quais no Brasil, o levantamento apontou, como resultado final, uma estagnação no avanço das condições para mulheres dentro e fora do mercado nos últimos anos.

São números dramáticos, em vários dos aspectos destacados. Por exemplo, o que registra 24% das mulheres ouvidas admitindo ter sofrido assédio nas suas atividades cotidianas durante atendimento a clientes ou consumidores. Ou, aquele em que 13% relatam assédio dos próprios colegas de trabalho, algo que dimensiona de maneira ainda mais dramática e cruel o tamanho do problema que temos diante de nós.

Há outras constatações importantes do estudo, na mesma linha, que chocam: 24% das mulheres que deixaram voluntariamente o emprego no último ano citaram remuneração inadequada como motivo principal da decisão, 18% alegaram falta de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e outras 18% apontaram falta de oportunidade de aprendizado e desenvolvimento. Os resultados embutem também, claro, componentes de uma realidade que afeta aos trabalhadores em geral, não se relacionando unicamente à condição de gênero quando se busca um motivador principal.

A comparação com levantamento semelhante anterior, realizado durante o período recente da pandemia com seus efeitos negativos em vários aspectos, segundo os técnicos da consultoria responsável, até mostra algumas melhores pontuais relativas. Na média, porém, seguem incomodando às trabalhadoras aspectos da realidade que enfrentam nos empregos que parecem relacionadas ao fato de serem mulheres. Uma vergonha. A realidade própria que enfrentam está a exigir das empresas uma capacidade maior, inclusive agindo com o sentido de alterar políticas culturais internas quando necessário, para atender às necessidades próprias de quem se obriga a conciliar compromissos profissionais com afazeres domésticos.

Especialistas sugerem que as conclusões apresentadas pelo estudo devem servir a uma reflexão sobre o que precisa ser feito para atender melhor à expectativa das mulheres. Há uma realidade que exige ser transformada e, se possível, com a rapidez necessária. É impossível continuarmos aceitando que critérios de valorização de alguém seja determinado pela condição de gênero. n

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