O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
A tragédia que se desenrola no Rio Grande do Sul (RS) deveria pôr em alerta autoridades de todos os municípios brasileiros, onde haja risco de enchentes ou de outros fenômenos climáticos, como secas ou aumento excessivo de temperatura. Depois da catástrofe que se abateu sobre o RS, nenhum prefeito, governador ou o presidente da República poderá alegar "surpresa" frente a eventos extremos.
Faz tempo que cientistas alertam para a crise climática e a necessidade de políticas para minorar os seus efeitos. Mas as providências normalmente são tomadas a posteriori, quando resta apenas socorrer os atingidos pelos efeitos dos desastres, que vêm castigando todo o planeta, resultado do aquecimento global.
O alerta vale para Fortaleza, que marcou 182 milímetros de chuva em maio, representando 134% da média normal para este mês, segundo o Climatempo. Durante a semana, as precipitações vão continuar. Segundo registrou este jornal, as chuvas já causaram transtornos em alguns pontos da capital. A Defesa Civil de Fortaleza atendeu a pelo menos 40 ocorrências em cerca de 20 bairros.
No Conjunto Ceará, o canal que corta o bairro voltou a transbordar, e a água invadiu algumas residências e estabelecimentos comerciais da região. A repórter Lara Vieira percorreu alguns trechos do bairro e conversou com moradores, um deles declarou que a água "subiu muito rápido"; outro disse ter acordado com o barulho e, quando pisou no chão, a água estava "batendo na cintura".
Esses episódios são comuns em algumas regiões e comunidades de Fortaleza, e se repetem a cada período chuvoso, sem que uma providência definitiva seja tomada. Mas se as chuvas se tornarem mais intensas, a consequência poderá ser ainda mais grave. Portanto, o custo, do ponto de vista financeiro, mas principalmente em relação à segurança e à vida das pessoas, será mais baixo se medidas de prevenção forem tomadas antes que o pior aconteça.
No ano de 2017, o então governador Camilo Santana inaugurou a barragem do rio Cocó para conter o excedente de água no período chuvoso, de modo a evitar o alagamento de bairros ao longo do rio. No entanto, a obra, localizada entre o Conjunto Palmeiras e o Conjunto José Walter, não evitou o alagamento de bairros vizinhos durante as chuvas de 2019. À época, o diretor de Operações da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Bruno Rebouças, explicou, em entrevista ao O POVO, que parte da água que passa pelo sangradouro é amortecida, mas que a barragem "não tem capacidade de conter 100%" da vazão. Mas lembrou que, sem a barragem, a enchente teria sido muito pior.
Por isso, cabe ao governo do Estado e à Prefeitura iniciarem estudos urgentes para proteger Fortaleza e seus habitantes de eventos climáticos extremos. Alerta que vale para todas as cidades cearenses.
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