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Petrobras: caminho para o equilíbrio de forças
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Petrobras: caminho para o equilíbrio de forças

A Petrobras é uma empresa estratégica para o Brasil. Com o capital aberto e tendo o governo como acionista majoritário desde a sua criação, em 1953, pelo então presidente Getúlio Vargas, ela assumiu o papel de referência nacional. A companhia é responsável por investimentos relevantes e estruturantes, e atualmente tem a missão de liderar a transição energética brasileira.

Embora o petróleo e o gás sejam ainda combustíveis fundamentais, há mudanças importantes a serem feitas no nosso país. Não é mais possível permanecer vinculado ao passado, olhando apenas para projetos como a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que passou a ser chamado de Polo GasLub, e para outros cuja história foi manchada por escândalos e desilusões, como é o caso das frustrantes propostas de implantação de refinarias no Ceará.

É hora de olhar para frente; com a transição energética, há uma ampliação das possibilidades. São, portanto, exigidas decisões técnicas e profissionais, sem interferências políticas. Talvez essa tenha sido uma das razões da reação negativa do mercado à substituição de Jean-Paul Prates por Magda Chambriard no comando da Petrobras.

Magda, assim como Jean-Paul, são conhecidos pelo seu trabalho na área de petróleo e gás, mas a intervenção direta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na troca da direção da empresa deixou margem para lembranças ruins.

Na última quarta-feira, Magda teve sua primeira reunião com o presidente Lula. Em seguida, ela deixou explícita a proposta de acelerar a retomada de investimentos em obras e encomendas de embarcações da petroleira, bem como manter projetos na área de energia renovável. Mesmo com esse posicionamento, as reações no mercado permanecem. Na quinta-feira, acionistas minoritários da Petrobras (que, juntos, possuem 1% da companhia) enviaram carta ao presidente do conselho, Pietro Mendes, exigindo a convocação imediata de uma assembleia extraordinária para eleger um novo conselho. O tom da carta foi entendido por alguns como uma provocação ao presidente Lula, com o objetivo de submeter a nova presidente Magda Chambriard a uma assembleia. Ou seja, seria um recado ao governo de que as decisões da empresa devem ter aprovação de todos os acionistas.

Esse tipo de reação e manobra representa desgastes desnecessários para uma empresa com 70 anos e grandes projetos de futuro. Divergências e disputas de poder ocorrem em qualquer empresa, mas deve-se ter o cuidado para não perder o foco principal: os resultados. No caso da Petrobras, como dito no início, as decisões da companhia não repercutem apenas no lucro dos acionistas, mas também em políticas importantes para o País - entre elas, os preços do diesel, da gasolina e do gás. Diante disso, as propostas de mercado de governo devem ser pensadas e equilibradas.

Magda Chambriard, funcionária de carreira da empresa, tem um grande desafio pela frente. O maior deles, talvez, seja esse equilíbrio das forças, para fortalecer a empresa com os seus resultados tanto para o mercado quanto para o Brasil. n

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