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O novo secretário e a nova política
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Editorial opinião

O novo secretário e a nova política

O delegado federal Roberto Sá está empossado no cargo de secretário de Segurança Pública de Defesa Social sob expectativa de que consiga reverter um quadro que, desde o primeiro dia do governo Elmano de Freitas (PT), se apresenta desafiador. É a área onde os resultados parecem menos satisfatórios na gestão, como demonstra o trágico acúmulo de 2.970 homicídios no ano de 2023, sem tendência de melhora e, ao contrário, sinais de que até houve uma piora mais recente. Em abril último, já em 2024, houve registro de 320 mortes violentas, maior número dentro do período de apenas um mês desde 2020.

Algo precisava ser feito e, nesse sentido, a substituição de Samuel Elânio, no cargo desde o primeiro dia da gestão Elmano, parecia algo necessário. Inclusive pelo que ele já demonstrava de cansaço, exposto, por exemplo, na infelicidade de definir como "razoáveis" as estatísticas atuais de homicídios no Ceará. Com estes números citados acima, dentre outros igualmente ruins, pareceu ofensivo ao sentimento de uma população que vive assustada com uma situação que ele, responsável direto pelo enfrentamento do quadro e sua reversão, tentou sugerir como aceitável.

A chegada de Roberto Sá é mais do que uma mudança de nome. Os discursos em sua posse ontem, dele e do governador, indicam de maneira clara a intenção de colocar em prática uma nova política, mais dura, de enfrentamento aos bandidos, em especial aqueles que integram facções e núcleos organizados da delinquência. Elmano anuncia uma nova era, na qual a sociedade consiga enxergar as forças do Estado nas ruas protegendo-a, enquanto seu novo auxiliar anunciou que agora a ordem é "não dar trégua aos criminosos".

Um tom novo, que indica uma disposição diferente das autoridades. O que parece claro é que se entendeu que o básico não estava sendo feito, em termos de política de combate à violência e de proteção às pessoas e às famílias, o que resultava em números negativos que iam se acumulando.

Sabe-se pouco, concretamente, das ideias de Roberto Sá sobre segurança pública. É importante que ele se manifeste sobre elas na medida do possível, a partir de agora, como fez no discurso de posse, indicando, como já apontado, uma linha de endurecimento da parte das instâncias oficiais. Os cearenses precisam saber quais os caminhos que o novo titular da SSPDS considera adequados para enfrentar os problemas que já encontrará sobre a mesa à espera de soluções.

Nesse sentido, vozes da oposição que falam da necessidade de oferecer um tempo para acomodação do secretário demonstram uma boa maturidade inicial. Este é um ponto em que não cabe oportunismo político, esperando-se de todos uma postura de responsabilidade diante de um quadro dramático cuja reversão não pode ser de interesse apenas de um governo eventual. É tarefa da sociedade contribuir, cada um com seus limites e atribuições, para que a normalidade possível seja alcançada. Faz sentido que se dê um tempo a Roberto Sá, mas ele precisa saber que o calendário lhe pressiona por respostas rápidas e que o relógio já começou a correr. n

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