
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
Já passou da hora de o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que também preside o Congresso Nacional, darem um freio de arrumação na desordem instalada no Legislativo, que frequentemente termina em agressões verbais e físicas. A intervenção dos presidentes se faz necessária, pois o último embate físico aconteceu na Comissão de Ética da Câmara, que deveria dar o exemplo, mas termina por fazer parte do problema.
Na quarta-feira, seu plenário tornou-se uma espécie de ringue, no qual se confrontaram parlamentares, com xingamentos, ameaças e empurrões. Não fosse a intervenção da Polícia Legislativa e da turma do "deixa disso", que procuravam acalmar os briguentos, a situação teria descambado para uma pancadaria generalizada.
A confusão começou depois que o relator Guilherme Boulos (Psol-SP) deu parecer favorável ao arquivamento de um processo contra André Janones (Avante-MG), sendo seguido pela maioria da Comissão de Ética. A ação contra Janones foi iniciativa do PL, por suposta prática de "rachadinha" — quando o parlamentar fica com parte do salário dos funcionários. O confronto mais acirrado deu-se entre Janones e Nikolas Ferreira (PL-MG). Mas não se trata aqui de buscar culpados, nem de entrar no mérito do julgamento, mas sim de criticar os parlamentares que quebram seguidamente o decoro parlamentar, sem sofrer consequência alguma — e eles estão em partidos diversos.
Quem acompanhou a CPI dos Atos Golpistas, por exemplo, pôde assistir às provocações e palhaçadas do deputado Abilio Brunini (PL-MT). O comportamento dele foi tão desrespeitoso que, em uma ocasião, o presidente da CPI, Arthur Maia (União Brasil-BA), o expulsou do plenário da Comissão. Na outra ponta da régua ideológica, o deputado Washington Quaquá, vice-presidente do PT, deu um tapa no rosto do colega Messias Donato (Republicanos-ES), durante uma sessão plenária do Congresso Nacional, devido a desentendimentos sobre a reforma tributária.
Pelo que se pode observar, a discussão política vem sendo substituída pelas provocações e pela "lacração". Muitos parlamentares — especialmente um grupo reconhecível deles — estão mais preocupados com os "recortes" de vídeos que podem produzir para as redes sociais, do que levar a sério o mandato para o qual foram eleitos. Esse método, muito usado nas ruas por movimentos de direita, foi transplantado para dentro do Parlamento, resultando em confrontos que se retroalimentam.
Se a situação continuar, a degeneração do Congresso Nacional pode chegar a um ponto de não retorno. As mesas diretoras, da Câmara e do Senado, precisam estar atentas a essa tendência. Um bom começo seria reunir os líderes partidários, pedindo-lhes que contenham seus correligionários mais afoitos, sem esquecer a necessidade de punir aqueles que atravessarem a linha do decoro parlamentar, independentemente da sigla partidária à qual pertençam. n
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