
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
É surpreendente como uma medida correta adotada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva transformou-se em um grande problema para o Palácio do Planalto. E isso ocorre por responsabilidade exclusiva dos agentes do governo, que encaminharam de forma incorreta procedimentos que deveriam ser corriqueiros no serviço público.
O leilão para a compra de arroz, realizado para evitar o desabastecimento ou especulação com o preço, depois da catástrofe climática que se abateu sobre o Rio Grande do Sul, tornou-se uma grande trapalhada. O desacerto foi de tal monta que o governo federal resolveu anular a compra de 263 mil toneladas de arroz, arrematadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Após a compra do produto, surgiram denúncias de que as empresas vencedoras não tinham capacidade para realizar a compra no exterior, e nem de realizar a importação, apesar de ter passado no crivo da Conab.
Em meio às críticas pela forma como o leilão foi conduzido, descobriu-se também que uma das corretoras do pregão pertencia a um ex-assessor do secretário de Política Agrícola, Neri Geller, que pediu demissão. Apesar dessa proximidade, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse não haver "nenhum fato que desabone ou gere qualquer tipo de suspeita" sobre o secretário, mas que seu pedido de demissão foi aceito.
A oposição aproveitou o episódio para descarregar uma avalanche de críticas sobre o governo; um setor reclamando da "falta de diálogo" pois, segundo eles, não haveria necessidade de importação, posto que mais de 70% da safra do Rio Grande do Sul já havia sido colhida. De outra parte, partiram acusações de corrupção, de que teria havido fraude na licitação. Um deputado mais afoito começou a coletar assinaturas para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o "escândalo do arroz".
Tirante os exageros, não se pode culpar a oposição por exercer o papel que lhe cabe, de questionar as ações do governo. O próprio presidente Lula ficou irritado com os acontecimentos, que geraram problemas graves, levando ao cancelamento da compra, e ao anúncio de um novo leilão.
O presidente da Conab, Edegar Pretto, veio a público para informar que a nova licitação será "em outros modelos", de modo a garantir que as empresas vencedoras tenham capacidade de entregar o que vendem. Segundo ele, serão revisados os mecanismos estabelecidos para os leilões, e a Controladoria Geral da União, a Advocacia-Geral da União e a Receita Federal, serão chamadas a contribuir para a formulação de critérios mais rigorosos para o novo pregão.
Mas, se os procedimentos existentes eram reconhecidamente falhos, facilitando fraudes ou a intrusão de aventureiros, por que não foram corrigidos antes? n
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