
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
A falta de uma educação financeira que lhe faça manter os gastos no limite do que permite a renda pessoal ou familiar é um dos problemas do cotidiano atual do brasileiro, responsável por um quadro de estresse detectado pelo Raio X do Investidor Brasileiro, estudo realizado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Em ampla reportagem publicada na edição de ontem, com assinatura de Helena Ximenes, O POVO faz um mergulho no quadro e oferece situações reais como valor agregado à discussão, com nomes e pessoas, para um problema que está muito além das estatísticas marcadas por números sem rostos.
O material nos apresenta um problema concreto, que interfere na vida dos cidadãos e cidadãs, afetando sua qualidade. Claro que há uma complexidade mais ampla, que diz respeito mesmo, no geral, à renda média do brasileiro abaixo do que se entende como mínimo justo para o atendimento às suas necessidades básicas.
Os números, voltando a eles, são irrefutáveis: 52% das pessoas ouvidas na pesquisa indicaram enfrentar um alto nível de estresse devido a preocupações com falta de dinheiro e com atrasos nas contas.
É um quadro assustador que gera uma sociedade em permanente situação de medo, por isso, também afetada na condição profissional cotidiana. O nível de concentração normalmente exigido para as atividades laborais estará sempre aquém do que lhe for exigido, fazendo girar em torno de si próprio, com poucas perspectivas de solução à vista, um problema que tem origem na pouca atenção que em geral se dá à necessidade de acomodar despesas àquilo que a receita disponível permita. Trata-se de uma regra simples de economia, mas que somente será compreendida na sua importância caso exista algum esforço de orientar as pessoas e suas famílias.
Outra pesquisa que aponta a gravidade do quadro, combinada à da Anbima, foi realizada pelo Instituto Cactus, em parceria com a AtlasIntel, esta com um olhar mais focado nos efeitos do problema sobre a saúde mental da população. Registrou-se ali, na 2ª Coleta do Panorama da Saúde Mental, que 82% dos entrevistados admitiram preocupação com a situação financeira, sendo que inacreditáveis 22% informaram já ter deixado até de fazer alguma refeição por falta de dinheiro. São números cruéis e que quantificam, combinadas as pesquisas, um problema que exige mais esforço de combate para vir a ser superado.
Por fim, há necessidade de entender o quadro também, e, com especialidade, pelo seu componente social. Não é um mero acaso que, pelo levantamento da Anbima, 62% das pessoas que admitiram estresse financeiro pertencem à classe D/E. A tarefa de fazer render ganhos nas faixas salariais mais baixas do nosso País se torna ainda mais desafiadora quando se soma à falta de uma educação pessoal e familiar que coloque numa mesma linha necessidades e possibilidades. É o que fica como reflexão principal de um cenário, no geral, bastante preocupante. n
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