
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
As mulheres ainda terão uma longa jornada de lutas para conseguir um tratamento igualitário no mercado de trabalho. As conquistas para a redução da desigualdade de gênero ainda se mostram lentas, apesar de discussões e esforços para a aplicação de leis de transparência nas empresas e cotas.
Na semana passada, os dados do Cadastro Central de Empresas (Cempre) relativos ao ano de 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), comprovaram que as mulheres ganham menos que os homens em 82% das áreas de atuação, com uma média salarial 17% inferior.
As estatísticas apontam para o seguinte cenário: os homens receberam um salário médio mensal de R$ 3.791,58, e as mulheres, de R$ 3.241,18.
É importante ressaltar também como o mercado privilegia a força de trabalho masculina no quantitativo dos contratos assinados.
Ainda conforme os dados do Cadastro, os homens representaram 54,7% de todos os trabalhadores brasileiros de 2022, enquanto as mulheres 45,3%. De um total de 357 atividades profissionais avaliadas, a mão de obra feminina recebia uma contribuição igual ou maior que a dos homens em apenas 63 das áreas (18% do total).
As tradições nos contratos de emprego, pelas estatísticas apresentadas, continuam preservadas. Ou seja: há uma postura bastante conservadora, ainda sendo necessários esforços para a abertura de oportunidades para as mulheres.
Em setores como Construção, por exemplo, os homens tiveram 87,6% de participação; 84,2% em Indústrias extrativas; e 81,7% na área de Transporte, Armazenagem e Correios. As mulheres só conseguiram ser maioria em atividades de Saúde humana e Serviços Sociais (74,8%), Educação (67,3%) e Alojamento e Alimentação (57,2%).
Embora seja verificado um avanço global em relação aos discursos sobre os direitos femininos no mundo ocidental, essa é uma trajetória que requer vigilância. Na prática, o público masculino ainda é maioria em cargos de liderança, em partidos políticos e em grande parte das atividades representativas de classe.
Esses números são o espelho da desigualdade econômica entre homens e mulheres. Portanto, ainda é preciso um reforço nas campanhas para a conscientização de uma realidade mais justa, na qual as mulheres sejam respeitadas e incluídas.
Para isso, entretanto, é preciso o reconhecimento da economia do cuidado, apontada como fator para o afastamento do emprego e também para a discriminação com as mulheres.
Além de questões ligadas à maternidade, há ainda um grande impacto de atribuições associadas a gênero, como os trabalhos com a casa, e cuidados com crianças e idosos - velhas questões, que precisam ser encaradas pela sociedade, através da consciência da sua importância, e de que devem ser assumidas por toda a família, e não penalizando as cuidadoras. Caso contrário, a situação das mulheres permanecerá a mesma. n
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