
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O dia de ontem marcou uma data simbólica que aponta para um momento histórico de um Brasil que já houve, e que acreditamos possível que seja recuperado, no qual as disputas políticas permitiam os espaços necessários à construção de consensos factíveis. É como se pode definir, 30 anos depois, o contexto no qual se colocou em prática uma mudança econômica, através da entrada em vigência do Plano Real, que transformaria o Brasil.
Os que viveram aqueles tempos sabem que não foi um processo exatamente tranquilo. Houve batalhas políticas intensas, o próprio PT fez toda a oposição que entendia lhe caber pelas circunstâncias, mas, dá pra dizer hoje, a inteligência dos movimentos que levaram ao estabelecimento de uma nova cultura na economia nacional venceu uma resistência que sempre observou o limite das regras democráticas. Uma realidade que, de certa forma, duvidamos que a forma atual de fazer política permitiria que acontecesse.
O plano econômico que estabilizou a nossa economia, há três décadas, apresentou como qualidade principal, e ausente de tentativas anteriores feitas à época no mesmo sentido, o cuidado de desenvolver um sistema completo e cuidadoso de transição, sem mágicas ou surpresas na calada da noite. Foi isso que permitiu ao brasileiro experimentar um quadro de estabilidade monetária através da engenharia das URVs, sigla que popularizou a Unidade Real de Valor, que se apresentou essencial para acomodar a chegada da nova moeda, com a qual convivemos até hoje de maneira exitosa.
Os primeiros passos, com os governos de Itamar Franco e de Fernando Henrique Cardoso, responsáveis pela fase delicada da implantação, foram fundamentais, mas é preciso destacar que as gestões que vieram a seguir, de matizes ideológicas diversas, contribuíram para consolidar o plano evitando ações bruscas e desestabilizadoras. No mínimo, deu-se o cuidado de evitar caminhos que nos levassem a recuos ou que fizessem balançar a ideia de estabilidade monetária, central no modelo desenvolvido pela equipe econômica responsável pela sua implantação.
Para quem viveu o tempo anterior ao Real, das tentativas mirabolantes e radicais no campo da economia, dentro de um contexto de hiperinflação e de preços fora do controle, parecerá mais fácil entender a importância do que se lembrou neste 1º de julho. Talvez seja tarefa deste segmento populacional transferir melhor as informações às gerações posteriores, que convivem com uma realidade diferente, que lhe permite olhar para frente e vislumbrar um futuro possível de planejar.
Muita gente precisa entender que nem sempre foi assim. O Real, com a serenidade que o distanciamento histórico nos permite hoje enxergar, está entre as maiores conquistas da sociedade brasileira. É justo, por isso, que aproveitemos a lembrança pela data de sua implementação para chamar todos à consciência do quanto é importante confirmá-la todo dia. n
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