Logo O POVO+
Polícia Federal indicia Jair Bolsonaro pelo caso das joias
Foto de Editorial
clique para exibir bio do colunista

O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública

Editorial opinião

Polícia Federal indicia Jair Bolsonaro pelo caso das joias

.
Tipo Opinião

Contrariando os mais afoitos, porém agindo da maneira correta e sem pirotecnia, somente um anos e três meses depois de aberto o inquérito, a Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por apropriação e venda de presentes ganhados durante o seu mandato, um conjunto milionário de joias recebidas do governo da Arabia Saudita. Segundo investigação da PF havia uma organização criminosa atuando junto ao presidente para desviar esses itens de luxo. Além de Bolsonaro foram indicados 11 ex-assessores e outros aliados, entre os quais, seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid e o pai dele, general Mauro César Lourena Cid. Eles são suspeitos dos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Depois do indiciamento da PF, o relatório será encaminhado ao relator do processo, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que pedirá parecer do Ministério Público Federal (MPF). Caberá ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, decidir se oferece a denúncia contra os indiciados. Em caso positivo, caberá ao STF decidir se acata ou rejeita a manifestação do MPF. Em caso de aceitação, os suspeitos passam à condição de réus — e irão a julgamento. Lembrando que, em março deste ano, a PF já havia indiciado o ex-presidente por supostas fraudes em cartões de vacina. Nesse caso, ele responde por dois crimes: associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informações.

A quantidade de pessoas denunciadas pela Polícia Federal revela a espantosa mobilização que Bolsonaro promoveu, no fim de seu governo, com o objetivo de tomar para si bens pertencentes à União, três pacotes de joias de alto valor. O ex-presidente nega as irregularidades, sob a alegação de que os presentes eram de caráter "personalíssimo", portanto ele poderia tomar posse deles. Entretanto, as joias foram devolvidas, após determinação do Tribunal de Contas da União (TCU).

Pode-se dar como certo que os suspeitos irão a julgamento, pois a PF apresentou evidências robustas da movimentação para desviar os presentes, inclusive com o uso de aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), que transportou as joias para fora do país. Nos Estados Unidos foram vendidos dois relógios de grife, de um dos kits presenteados, cujos comprovantes da transação foram encontrados em arquivo virtual do tenente-coronel Mauro Cid. Além disso, o depósito do valor da venda foi depositado na conta do pai dele, o general Mauro Lorena Cid.

É importante destacar, como se anotou no primeiro parágrafo, a forma como a PF desenvolveu o seu trabalho, de maneira técnica e ponderada, sem permitir que injunções políticas interferissem nas investigações — e sem que seus agentes fossem além do que recomenda a prudência e permitem as suas incumbências públicas.

 

Foto do Editorial

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?