
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
Será difícil ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) dar explicações críveis para responder aos inquéritos que correm contra ele. A Polícia Federal (PF) tem calçado suas investigações com evidências sólidas, que exigem mais do que desculpas e discursos de uma suposta "atuação política" para serem contestadas. O cerco se fecha, tornando improvável que Bolsonaro escape de alguma condenação, em vista das provas já colhidas em diversos processos. Destaque-se que a PF faz um trabalho cuidadoso, ao ponto de ser criticada pela "morosidade" na investigação. Porém, em caso de tal envergadura, é melhor escolher a prudência em vez de pecar pelo açodamento.
Contra Bolsonaro correm pelo menos sete investigações, entre elas, a sua possível participação na organização de um golpe para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o uso indevida da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para perseguir adversários. Em dois casos, ele já foi indiciado: pelo desvio de joias pertencentes à União, recebidas como presente quando chefiava o governo, e a fraude nas carteiras de vacinação contra a Covid-19.
A situação se agravou para ele depois de vir a furo a transcrição do áudio de uma reunião na qual estavam Bolsonaro (então presidente), o general Augusto Heleno (então chefe do Gabinete de Segurança Institucional), Alexandre Ramagem (então chefe da Abin), hoje deputado federal (PL-RJ), e uma advogada de Flávio Bolsonaro. Na conversa, eles procuram uma forma de anular o inquérito das "rachadinhas", que corria contra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Ramagem propôs a instauração de "procedimento administrativo" contra os auditores da Receita Federal, com o propósito de "anular a investigação (contra Flávio), bem como retirar alguns auditores de seus respectivos cargos".
De acordo com a PF, esse encontro ocorreu em 25 de agosto de 2020. É de se lembrar, portanto, que no dia 22 de abril do mesmo ano, foi realizada uma reunião ministerial na qual o então presidente Bolsonaro queixava-se de que o sistema de oficial "desinfomava", mas que o dele, "particular", funcionava. Acrescenta que não ia deixar a família dele se prejudicar (usou um palavrão), porque não podia trocar um funcionário de "ponta de linha". Assim, ele afastaria o chefe ou o ministro para conseguir o seu intento. Como se pode depreender, ex-presidente não estava brincando quando disse que dispunha de um serviço de informação paralelo.
É assustador observar como Bolsonaro trabalhou para fazer com que o Estado se assemelha-se a uma propriedade particular, na qual ele pudesse agir livre de amarras, de forma a beneficiar a família e amigos. Durante o período de seu mandato, o País correu o risco de Bolsonaro involuir para um governo com características autoritárias. Felizmente as instituições resistiram — e precisam continuar resistindo, como garantidores da democracia.
Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.