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Ciro e a responsabilidade com as palavras
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Editorial opinião

Ciro e a responsabilidade com as palavras

Entre outros tantos processos, Ciro Gomes (PDT) vai responder a mais uma ação judicial devido a declarações agressivas que faz contra adversárias e adversários políticos. Com uma longa carreira pública, iniciada em Sobral, interior do Ceará, ele já foi deputado estadual e federal, prefeito de Fortaleza, governador do Ceará, ministro de Estado, e quatro vezes candidato à Presidência da República. Nem mesmo a profusão de cargos importantes que exerceu, com destaque nacional, fizeram-no amainar a retórica agressiva, que regularmente o leva à Justiça para responder sobre suas declarações.

Agora, a Justiça Eleitoral acatou denúncia contra ele, interposta pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), pelo crime de violência política de gênero, o que o torna réu no processo. Segundo entendimento do MP Eleitoral o pedetista constrangeu e humilhou a senadora Janaína Farias (PT), "desmerecendo-a para o exercício do mandato em razão do gênero dela, com insinuações de cunho sexista e misógino".

De fato, as palavras utilizadas pelo ex-ministro para se referir à senadora expressam um machismo e misoginia inaceitáveis, uma violência simbólica inaudita, que não poderia ficar sem resposta. É preciso reproduzir aqui as declarações de Ciro, ditas e repetidas na imprensa, para que se possa aquilatar o grau das ofensas cometidas contra Janaína.

Ele disse que a senadora era uma "cortesã" e "assessora para assuntos de cama" do ministro da Educação Camilo Santana (PT). Assim, foi justa a conduta do MP em oferecer a denúncia, e correta a decisão da Justiça Eleitoral em acatá-la. Janaína é a segunda suplente de Cid no Senado, e está no exercício da função. Antes, ele ocupou cargos no Ministério da Educação.

Em maio, a juíza Patrícia Vasques Coelho, da 12ª Vara Cível de Brasília, já havia proibido Ciro Gomes de continuar as ofensas contra a senadora, sob pena de multa. Janaína afirmou que possíveis multas e indenizações decorrentes de processos cíveis e criminais contra Ciro serão doadas para instituições que trabalham pelo empoderamento feminino.

Quem também acionou Ciro na Justiça foi a senadora Damares Alves (Republicanos-DF). O ex-ministro classificou a senadora como "bandida fascista, da quadrilha de Bolsonaro", e foi processado por calúnia e difamação.

Na campanha eleitoral de 2018, quando Ciro era candidato a presidente da República, O POVO fez uma pesquisa sobre as demandas que corriam contra ele no Ceará. O levantamento, com dados do Tribunal de Justiça, contou 80 processos cobrando indenizações por danos morais. Considerando ações abertas em outros estados, número deve ser ainda maior.

Atualmente Ciro é vice-presidente do PDT, portanto quando ele fala, põe em jogo o nome do partido. A mais, alguém que tantas vezes se habilitou ao posto mais importante do País precisa ter mais responsabilidade com suas palavras. n

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