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A tecnologia mostra suas falhas
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Editorial opinião

A tecnologia mostra suas falhas

O "apagão global", provocado por uma falha no sistema da empresa Microsoft, mostra o quão frágil e perigosa é a tecnologia que hoje controla as principais atividades humanas. O "bug do milênio", que não provocou nenhum transtorno na virada de 1999/2000, apareceu 24 anos depois, pegando todo mundo desprevenido, inclusive os especialistas em tecnologia e as empresas fornecedoras do serviço, tão essencial quanto a energia elétrica.

Pelas informações disponíveis até agora, o problema aconteceu devido a uma atualização errada no software de segurança, o CrowdStrike Falcon Sensor, afetando mais de 300 aplicativos da Microsoft. O defeito provocou uma pane cibernética mundial, prejudicando transportes aéreos, transações bancárias, serviços de saúde, telecomunicações, entre outras atividades, em todos os continentes.

O presidente-executivo CrowdStrike, empresa de segurança cibernética, George Kurz, confirmou que a instabilidade, de proporções mundiais, decorreu de uma falha na atualização de conteúdo no aplicativo Falcon. Ele negou a hipótese de que tenha havido um ataque cibernético. Na plataforma X Kurz escreveu que "o problema foi identificado, isolado e uma correção foi implantada". Ele reconheceu a "gravidade da situação" e lamentou o transtorno provocado aos clientes da empresa.

No Brasil, os prejuízos foram de menor proporção, comparativamente ao que aconteceu em países da Europa e nos Estados Unidos. Aplicativos de bancos que operam no ambiente digital foram atingidos, deixando alguns deles fora do ar, e provocando demora nos canais de atendimento de outros. O transporte aéreo não foi bloqueado, mas houve atraso em alguns voos. No Supremo Tribunal Federal (STF) o sistema sofreu interrupção, mas o serviço foi restabelecido em poucas horas.

Os reflexos da avaria chegaram até o Ceará. O aplicativo de um plano de saúde de Fortaleza apresentou instabilidade, e muitos clientes ficaram sem acesso aos exames médicos. No Complexo Industrial e Portuário do Pecém (São Gonçalo do Amarante) uma empresa ficou com telefones e dispositivos internos fora do ar.

O fato é que a humanidade depende cada vez mais da tecnologia, que hoje se aplica desde as tarefas mais simples às mais complexas.

Assim, mesmo que não tenha sido um ataque criminoso, porém uma falha interna, é assustador verificar a vulnerabilidade de um sistema de segurança cibernética usado em todo o mundo, como é o caso de CrowStrike. Essa corporação atende a 29 mil empresas, e também o governo dos Estados Unidos. São atividades que afetam o cotidiano de milhões de pessoas, podendo, inclusive, pôr muitas vidas em risco. Portanto, seria razoável exigir investigação aprofundada sobre o que aconteceu, propondo-se formas de evitar que corporações monopolizem o setor de segurança cibernética. n

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