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Os riscos da meningite
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Editorial opinião

Os riscos da meningite

A quadra chuvosa, o "inverno" cearense, costuma acarretar aumento das doenças causadas por vírus, como é o caso das arboviroses, e das enfermidades respiratórias. O período chuvoso, mais prolongado este ano, fez com que as aglomerações fossem mais recorrentes, elevando as possibilidades de transmissão virótica. Esse foi um dos motivos que provocou aumento de mortes por meningite nos primeiros meses deste ano.

Conforme dados da Secretaria da Saúde (Sesa), até o dia 6 de julho, foram registrados 17 óbitos decorrentes da meningite no Estado, com 162 pessoas atingidas pela doença. O índice de mortes representa mais do que o dobro de casos no mesmo período em 2023, com sete óbitos, em 200 infecções, o que demonstra aumento da mortalidade.

De acordo com as informações da Sesa, entre as meningites registradas neste ano, oito foram meningocócica e outras 154 de outros tipos da enfermidade. Quanto aos óbitos, uma das mortes foi em decorrência da patologia meningocócica e 16 das demais formas da doença.

Outro fato que contribui para o aumento do número de mortes, e que deve chamar a atenção das autoridades de saúde, é o baixo índice de vacinação que protege contra essa grave doença.

Para o médico infectologista José Cândido, os baixos níveis de proteção vacinal podem ser listados entre os fatores que explicam o aumento de óbitos. Ele lembra que existem vacinas apenas para as meningites bacterianas (consideradas mais graves), mas que a cobertura vacinal é de 69% no Estado, maior do que a média nacional, de 65%, mas ainda abaixo da meta de 90% de imunizados. Ao O POVO, na edição de ontem, o médico disse que a vacinação é "extremamente importante", e que as primeiras doses devem ser ministradas nas crianças a partir de seis meses de idade.

É preciso alertar que todos os tipos de infecção são perigosos, e podem provocar sequelas graves, ou até mesmo a morte. No início do mês, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) fez um alerta para a transmissão por meio de caramujos (meningite eosinofílica). Análises laboratoriais identificam a presença do verme causador da doença em um caramujo, que provocou a morte de um paciente, em abril deste ano, no município de Nova Iguaçu (RJ).

Segundo declaração à Agência Brasil, da chefe do Laboratório de Malacologia da Fiocruz, Silvana Thiengo, é necessário aumentar a atenção dos serviços de saúde para diagnosticar a doença. Silvana diz que, desde 2006, o Brasil registra casos de meningite eosinofílica. Porém, ressalta ela, "muitos profissionais de saúde ainda desconhecem a doença, mas os médicos precisam lembrar dessa possibilidade para fazer o diagnóstico e oferecer o tratamento adequado", afirma.

Portanto, aumentar a cobertura vacinal e esclarecer a população e os médicos sobre os diversos aspectos da doença são questões que necessitam entrar no radar das autoridades de saúde. n

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