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A taxação dos super-ricos
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A taxação dos super-ricos

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A reunião de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G20 terminou ontem, no Rio de Janeiro, com a inclusão de uma proposta no texto final considerada prioridade pelo Brasil — a taxação dos super-ricos. O G20 reúne os 19 países de maior economia do mundo, mais a União Europeia e a União Africana, com o Brasil exercendo a presidência temporária do grupo.

A proposta de taxar os super-ricos foi apresentada pela primeira vez na reunião do G20 ocorrida em São Paulo, no mês de fevereiro. O Brasil voltou a colocá-la na mesa no encontro atual, durante o pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.

Ao falar no evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a taxação. "Os super-ricos pagam proporcionalmente muito menos impostos que a classe trabalhadora. Para corrigir essa anomalia, o Brasil tem insistido no tema da cooperação internacional para desenvolver um padrão mínimo de tributação global", disse o presidente. Entram nessa categoria pessoas que possuem mais de um bilhão de dólares de riqueza, em ativos, imóveis, ações, entre outras fontes de recursos. No mundo, cerca de três mil pessoas têm esse nível de riqueza, que seriam taxados com alíquota de 2%.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que "praticamente todos" os participantes do G20 manifestaram apoio ao Brasil, mas reconheceu haver "preferência por outras soluções". Quem se manifestou diversamente foi a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, que disse não ver a necessidade de um "pacto globral", e que cada governo deve tratar a questão internamente.

Não são apenas alguns governos e entidades globais que propõem formas de fazer com que os muito ricos paguem mais imposto, como forma de reduzir a extrema pobreza e a escandalosa desigualdade no mundo. Muitos super-ricos aderiram ao movimento, pedindo que suas fortunas sejam taxadas.

No início deste ano, um grupo de 250 milionários e bilionários entregou à direção do Fórum Econômico de Davos um documento exigindo aumento de impostos sobre suas posses. "Nosso pedido é simples", escreveram eles, "nós, os muito ricos em nossa sociedade, queremos ser taxados por vocês (os líderes globais)", com o propósito de transformar "a riqueza extrema e improdutiva em investimento em nosso futuro democrático comum".

A iniciativa do Brasil em liderar esse debate, inserindo-o em um documento oficial do G20, faz com que o movimento ganhe tração, e a proposta deixe de ser vista como inaplicável. A taxação proposta pode arrecadar entre US$ 200 bilhões e US$ 250 bilhões por ano, que poderiam socorrer 2,3 bilhões de pessoas que passam fome no mundo, segundo a ONU, com insegurança alimentar moderada ou grave. Seria uma forma de dar um destino humanitário "à riqueza extrema e improdudiva", segundo escreveram os super-ricos pró-taxação.

 

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