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Venezuela: a equação que Lula terá de resolver
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Editorial opinião

Venezuela: a equação que Lula terá de resolver

A diplomacia brasileira não resolveu como tratar o autocrata do país vizinho, Nicolás Maduro, depois dos ataques que ele fez ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pondo em dúvida o sistema eleitoral brasileiro. As eleições na Venezuela serão realizadas hoje
Tipo Opinião

As eleições na Venezuela serão realizadas hoje, e até agora, a diplomacia brasileira não resolveu como tratar o autocrata do país vizinho, Nicolás Maduro, depois dos ataques que ele fez ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pondo em dúvida o sistema eleitoral brasileiro. Em resposta, o TSE desistiu de enviar observadores para acompanhar as eleições venezuelanas. O ambiente conturbado tornou-se ainda mais tenso depois desse episódio, pois o governo brasileiro sempre mostrou boa vontade com o ocupante do Palácio de Miraflores.
Maduro busca um terceiro mandato, depois de dez anos no poder, em 25 anos de governos chavistas. A crise instalada no período levou a que cerca de três milhões de pessoas deixassem o país, por motivos políticos ou econômicos.
O desespero do governo autoritário aumenta agora pois, desta vez, disputa as eleições com um candidato competitivo, o ex-diplomata Edmundo González Urrutia, que substituiu María Corina Machado, impedida de concorrer pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado por Maduro.
A situação torna-se ainda mais complexa porque Lula é fiador do Acordo de Barbados, assinado em outubro do ano passado, estabelecendo, entre outras medidas que o Brasil contribuirá “para o processo de diálogo entre as forças políticas venezuelanas com vistas à suspensão de todas as sanções e à realização de eleições livres, competitivas e transparentes no próximo ano (2024)”.
Porém, o líder venezuelano deu pouca importância às regras do acordo, bloqueou o registro eleitoral de candidatos adversários, atacou, perseguiu e prendeu quem ousasse desafiá-lo. Segundo informações da organização que defende presos políticos na Venezuela, a Fórum Penal, 135 pessoas vinculadas à campanha de Urrutia foram presas desde janeiro. Do total, 47 permanecem detidos e as demais foram libertados.
Na sexta-feira, dois dias antes da eleição, Maduro deu mostras de que está disposto a tudo para manter a autocracia venezuelana. Segundo o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, um avião conduzindo ex-presidentes e outras autoridades latino-americanas, foi impedido de decolar para Caracas devido ao fechamento do espaço aéreo no país, impedindo a chegada da comitiva de observadores.
Mesmo com todas as dificuldades, o candidato opositor Edmundo González Urrutia, apoiado por Corina Machado, surge com grande chance de vencer as eleições. Eles passaram a liderar grandes manifestações no país, aumentando o temor do governo de sofrer uma derrota.
O fato é que o processo é extremamente tenso, e estará mais ainda no decorrer do dia de hoje. E é difícil sustentar que as eleições venezuelanas se apresentam “livres, competitivas e transparentes”, com chances iguais para todos os candidatos. A diplomacia brasileira deve estar quebrando a cabeça para resolver a equação, que será formulada pelo resultado das urnas, qualquer que seja ele, pois certamente haverá contestação da parte do perdedor.

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