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Passo importante contra a violência política de gênero
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Editorial opinião

Passo importante contra a violência política de gênero

É importante criar estímulos para a entrada de mulheres na política para que haja uma representação de gênero. O recente lançamento da Comissão Interinstitucional de Prevenção à Violência Política de Gênero mostra o reconhecimento de que é preciso uma mudança nas estratégias de enfrentamento
Tipo Opinião

Os partidos políticos finalmente dão uma demonstração simbólica de seu compromisso contra a violência de gênero. As iniciativas têm demorado a aparecer, principalmente diante do crescimento do número de casos e agressões que ocorrem.

As estatísticas não são precisas, mas os levantamentos da ONU Mulher dão a dimensão do problema: os números levantados mostram que 82% das mulheres em espaços políticos já sofreram violência psicológica; 45% já sofreram ameaças; 25 % sofreram violência física no espaço parlamentar; 20%, assédio sexual; e 40% das mulheres afirmaram que a violência atrapalhou sua agenda legislativa.

A violência de gênero se configura comumente como ameaças às candidatas, através de palavras, gestos e/ou interrupções frequentes de fala em ambientes políticos - ou seja: de formas que as impeçam de utilizarem a palavra ou que sinalizem descrédito ou desqualificação.

Infelizmente, é fácil lembrar de vários casos na história política recente, desde Maria Luiza Fontenele, ex-prefeita de Fortaleza (1986-1989), até os dias atuais. Por essa razão, as ações de combate às agressões precisam ser práticas, com a devida aplicação de punições efetivas.

Essa é uma questão realmente relevante. É importante criar estímulos para a entrada de mulheres na política para que haja uma representação de gênero. Portanto, os partidos precisam se aliar neste trabalho e não assistir passivamente a insultos, como presenciar algumas parlamentares sendo chamadas de "cortesãs" pelo simples fato de serem mulheres.

O recente lançamento da Comissão Interinstitucional de Prevenção à Violência Política de Gênero, em parceria com o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) e com a Secretaria das Mulheres do Estado do Ceará, além de outras instituições, mostra o reconhecimento de que é preciso uma mudança nas estratégias de enfrentamento. A ação, sugerida pela Justiça Eleitoral e consolidada através do Pacto pelo Fim da Violência Política de Gênero com a assinatura de 13 partidos, pode indicar a esperança em direção a um compromisso político efetivo.

A vice-governadora e titular da Secretaria das Mulheres, Jade Romero (MDB), que celebrou a parceria, deu uma pista de como devem começar os trabalhos: com a elevação da participação feminina - falta agora criar as estratégias para tal.

Com a assinatura do pacto, a Comissão Interinstitucional de Prevenção à Violência Política de Gênero terá um cronograma de ações especialmente voltadas para conscientização e prevenção da violência. Como declarou Jade Romero: "É impossível convencer uma mulher a ser candidata sem ela ter as condições necessárias". Os estímulos devem começar pelo respeito às lideranças que desabrocham internamente nos partidos, reconhecendo as pessoas por questões que estejam além da sua tradição política familiar; mas principalmente pelo seu compromisso com causas importantes, garantindo a própria integridade física e psíquica.

Essas novas ações podem contribuir para resolver o problema da pequena representatividade feminina na política - ainda que, paradoxalmente, as mulheres sejam maioria no eleitorado.n

 

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