
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
É preocupante ver o presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizar a gravidade do que acontece na Venezuela. Depois que o autocrata Nicolás Maduro foi proclamado vencedor das eleições, sem permitir recontagem transparente dos votos, manifestações contra seu governo passaram a acontecer em vários pontos do país. Com o resultado, anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) o período autoritário vai se estender de 2025 a 2030, o terceiro mandato de Maduro, em 25 anos de chavismo. Em uma inversão da realidade, típica de populistas, Maduro afirma existir uma tentativa de golpe contra ele em andamento na Venezuela.
A resistência do governo venezuelano em aceitar a auditagem das urnas fez aumentar a suspeita de que o processo foi fraudado para favorecer Nicolás Maduro. Mas, segundo Lula, não houve "nada grave, nada assustador", durante as eleições. O presidente brasileiro parece ter-se esquecido de sua recente declaração, quando se disse "assustado", com a menção de seu colega venezuelano a um "banho de sangue", caso perdesse as eleições. Mas a proclamação da vitória de Maduro fez com que protestos se espalhassem por várias regiões do país, provocando a morte de 11 pessoas, segundo a ONG Fórum Penal, que atua no país vizinho.
De qualquer modo, o governo brasileiro ainda não reconheceu a reeleição do líder venezuelano. Em conversa, realizada ontem com Joe Biden, Lula confirmou ao presidente americano que é essencial ter acesso às atas para aceitar o resultado da votação. Além do Brasil, México e Colômbia também exigem transparência nos resultados antes de se posicionarem. Aqueles que se manifestaram com críticas mais ácidas ao processo eleitoral, tiveram seus diplomatas expulsos do país, como aconteceu com o Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai.
O comportamento de Maduro, aferrando-se ao poder e utilizando-se para isso de meios brutais, aumentam o seu isolamento internacional. Críticas ao autoritarismo, à perseguição e às prisões de adversários não partem apenas dos Estados Unidos e da União Europeia, mas também de governos latino-americanos, incluindo setores de esquerda.
Pelo histórico das relações entre Venezuela e Brasil, e do apoio que as gestões do PT sempre ofereceram ao país vizinho, a crise, que atinge a região, repercutindo em todo o mundo, é mais desafiadora para o governo brasileiro, que é, ou era visto, como um líder natural na região.
O fato é que com a proclamação do resultado, confirmada pelo CNE, o governo venezuelano tenta encerrar o assunto. O PT, partido do presidente Lula, deu um tremendo passo em falso ao reconhecer a vitória de Maduro, considerando o processo eleitoral uma "jornada democrática". Mas a política brasileira não é, ou não deveria ser, subordinada ao PT.
Assim, a forma como o governo brasileiro vai se comportar frente a essa realidade será determinante para a sua diplomacia. A resposta não será fácil. O mínimo que se espera é que todos, situação e oposição na Venezuela, evitem a violência, apesar do grau inaudito de tensão que envolve o país. n
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