Logo O POVO+
As praças e a preservação do patrimônio histórico
Foto de Editorial
clique para exibir bio do colunista

O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública

Editorial opinião

As praças e a preservação do patrimônio histórico

Reportagem publicada na edição de 8/8/2024 mostra como a deterioração, que ocorre nas praças do Centro Fortaleza, prejudica "verdadeiros arquivos da cultura local", como escreve a jornalista Lara Vieira. A repórter contabilizou 33 praças no bairro, com "estátuas, fontes, bustos e outros itens históricos, que contam a história da cidade e de seus habitantes". Ao mesmo tempo, verificou que a "preservação dessas obras de arte enfrenta inúmeros desafios, desde as consequências da ação do tempo até o vandalismo". Acrescente-se à lista a falta de zeladoria, de responsabilidade da prefeitura de Fortaleza, cuja sede, o Palácio do Bispo, fica no Centro, vizinha da Catedral Metropolitana.

A maioria das obras que se espalham pelas praças precisam de manutenção, entre elas, as três estátuas mais antigas do Centro: do General Tibúrcio (1888), do General Sampaio (1900), ambos participantes da Guerra do Paraguai (1864-1870), e a que representa Dom Pedro II (1913), o último monarca do Império (1815-1891). Entre os mais famosos escritores cearenses, as esculturas de José de Alencar e Rachel de Queiroz, também apresentam más condições de conservação.

Essas informações cruzam-se com outra reportagem, recentemente publicada (edição de 18/5/2024), que abordou iniciativas particulares que têm o objetivo de promover o conhecimento da história da cidade. Para o professor Gerson Linhares, fundador do projeto Fortaleza a Pé — que leva moradores e turistas a uma caminhada pelo Centro —, é preciso despertar a educação patrimonial das pessoas. A falta desse entendimento, diz ele, faz com que os gestores descuidem da preservação do patrimônio histórico, acarretando "a perda da nossa identidade cultural".

Com o mesmo propósito, transformando as ruas em sala de aula, os historiadores Luíza Farias e Mailton Granja criaram o programa Vai Veno, que conta com oito roteiros diferentes, explicando, em cada lugar, como o espaço urbano foi moldado até chegar à situação atual.

Já no Vem Comigo, o professor de história Sandoval Matoso prefere dar conhecimento de Fortaleza a partir dos cinco sentidos. A pessoa só ama o que conhece, diz ele, por isso busca fazer a conexão do indivíduo com a cidade.

Apesar das profundas mudanças pelas quais passou Fortaleza em seu crescimento e urbanização, o Centro da cidade nunca perdeu seu dinamismo, mantendo sua importância social e econômica, em renovação constante. O bairro reúne mais de 17 mil empresas, os mais importantes equipamentos culturais e turísticos da cidade, sendo endereço de 25 mil moradores, merecendo um olhar mais cuidadoso do poder público.

Essas iniciativas espontâneas, citadas acima, são um indicativo para um programa mais amplo ou para incentivar mais projetos de pequeno porte, que tenham o objetivo de fazer conhecer e preservar o patrimônio material e imaterial de Fortaleza. n

Foto do Editorial

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?