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Sem banheiro, a realidade de milhares de cearenses
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Sem banheiro, a realidade de milhares de cearenses

Reportagem publicada na edição de ontem, no O POVO, "O drama das famílias de Fortaleza que vivem sem banheiro", assinada pela jornalista Alexia Vieira, revela a terrível adversidade às quais estão submetidas milhares de famílias na capital cearense e no Interior, causada pela falta de saneamento básico. A repórter esteve em alguns lugares nos quais as pessoas são privadas de itens essenciais, como esgotamento sanitários ou mesmo de banheiros em suas casas, verificando como elas lidam com essa situação degradante.

Alguns dos arranjos são solicitar o favor de vizinhos para o uso do banheiro, fazer ligações improvisadas para descargas em lagoas ou cursos de água, ou mesmo cavar buracos na terra para enterrar os dejetos. As consequências que isso acarreta, tanto ao meio ambiente quanto para a saúde dos moradores, principalmente crianças, são difíceis de calcular, porém devastadoras.

Em um dos locais visitados, na comunidade do Gengibre, a lagoa é usada como destino dos dejetos. No período das chuvas, as casas são inundadas com a água poluída. Um morador disse que já teve leptospirose; o pai de uma criança disse que a filha tem frequentes problemas respiratórios, "catarro no peito", e fica constantemente gripada. A situação se repete em qualquer uma das ocupações precárias em Fortaleza.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra em números a extensão do problema, com dados do último Censo Demográfico, de 2022. Em Fortaleza 92.204 domicílios jogam o esgoto em fossas rudimentares, ou em buracos, valas, córregos, rios ou no mar, e 265 não dispõem nem de banheiro. No Ceará, são 93.979 pessoas sem instalações sanitárias em casa.

O Brasil comprometeu-se com o item 6.2 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). A meta estabelece prazo até 2030 para "alcançar o acesso a saneamento e higiene adequados e equitativos para todos, e acabar com a defecação a céu aberto, com especial atenção para as necessidades das mulheres e meninas e daqueles em situação de vulnerabilidade".

No entanto, dificilmente essa meta será alcançada pelo País. A parceria público-privada (PPP) da Cagece com a Agea, por exemplo, planeja universalizar o sistema de esgotamento para 24 municípios, dos 184 existentes no Ceará, até 2033. O quadro em outros estados não é muito diferente; em alguns, pior.

Mas é preciso reconhecer que a situação vem melhorando. De acordo com o Censo mais recente, 62,5% da população brasileira moravam em domicílios conectados à rede de coleta de esgoto em 2022. Esse índice era de 44,4% em 2000 e subiu para 52,8% em 2010, mostrando um avanço, mas ainda insuficiente, frente à urgência da universalização desses serviços.

A reportagem sobre o tema continua na edição de hoje, abordando as dificuldades para disponibilizar o saneamento básico à população. O material também está disponível no OP . n

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