
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
Em esportes, há uma tendência fácil sobre a comparação de feitos. "O Brasil fez a melhor campanha olímpica da história". "O Brasil decepcionou ao não bater recordes". "O Brasil é uma potência paralímpica, algo que nunca conseguiu ser em modalidades olímpicas". É uma régua simplista.
Esporte é inclusão. E os desportos paralímpicos são a epítome do termo, uma vez que se traduzem frequentemente como reabilitação.
Em um país carente de ídolos esportivos, que há mais de 20 anos não vence uma Copa do Mundo de Futebol, que não tem mais qualquer piloto de Fórmula 1 para fazer história, o esporte paralímpico é motivo de orgulho. Ainda que esquecido por muitos, sem a visibilidade do futebol, ou mesmo da Olimpíada.
Orgulhar-se do esporte paralímpico é reconhecer o valor do Sistema Único de Saúde (SUS). É também redimensionar os profissionais de fisioterapia e de educação física do Brasil. É entender que um atleta campeão surge de seriedade, de compromisso e, dentro disso tudo, de investimento.
Não por acaso os resultados se acumulam a cada Jogos Paralímpicos. Em Heidelberg-1972, eram apenas 8 paratletas. Em Toronto-1976, já eram 23, incluindo a dupla Robson Sampaio e Luiz Carlos da Costa, os primeiros medalhistas brasileiros. Em Stoke Mandeville/Nova York-1984, já foram 28 pódios.
Em Atenas-2004, chegou-se a 33 medalhas. Depois 47, em Pequim-2008, com direito a 16 ouros. Em casa, na Rio-2016, o Brasil estabeleceu o recorde de 72 pódios, igualado em Tóquio-2020, quando atingiu-se o teto de 22 ouros.
A expectativa do Comitê Paralímpico Brasileiro é arrojada. Recorde de ouros e de medalhas. Resultado este que pode deixar o País entre os cinco mais notáveis da competição, patamar nunca antes alcançado. A melhor marca foi em Londres-2012 e Tóquio-2020, como o sétimo melhor do ranking.
Mas os Jogos Paralímpicos têm um segredo. Um número que importa mais e que já estabeleceu um patamar histórico. O Brasil está sendo representado por 255 atletas com deficiência. Não só é a maior delegação do País em Jogos em país estrangeiro, como é a segunda mais numerosa entre as 168 equipes em Paris-2024.
Entre eles, três são cearenses. A nadadora cratense Edênia Garcia, pentacampeã mundial e dona de três medalhas paralímpicas. O arqueiro beberibense Eugênio Franco, que aos 64 anos é o decano da delegação. E o crateuense Maciel Santos, campeão paralímpico da bocha em 2012. Além deles, o meio-fundista jaguaretamense Henrique Barreto representa o Estado. Ele guiou Yeltsin Jacques na corrida de 5.000 metros em que o sul-mato-grossense conquistou o bronze.
Cada pessoa traz uma história de inserção sócio-esportiva bem sucedida. Um conto sobre a importância da reabilitação. Os triunfos esportivos nem sempre são individuais. Um atleta com deficiência que representa o Brasil em uma competição internacional é uma vitória de toda a nação. n
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