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Editorial: A demissão inevitável de Silvio Almeida
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Editorial: A demissão inevitável de Silvio Almeida

Triste e preocupante, sob aspectos diversos, a crise que levou, na noite da última sexta-feira, à demissão de Silvio Almeida do ministério dos Direitos Humanos, por ele ocupado desde o começo do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. À época, uma das nomeações mais comemoradas pelo conjunto de qualidades que parecia agregar, fosse no aspecto técnico, fosse por sua atuação e militância política. Uma quase unanimidade em meio a várias dúvidas levantadas quanto à conveniência de determinadas indicações.

Acontece que sua situação pareceu insustentável a partir de quando começaram a circular, nas últimas horas, notícias indicando uma prática pessoal dele que se desconhecia, com denúncias de assédios, sexuais e morais, antigas e recentes, numa situação geral que envolvia até uma colega de ministério, Anielle Franco, titular da pasta de Igualdade Racial. Coisas graves, reprováveis e que, claro, exigem dele, agora, uma dedicação absoluta ao esforço de se defender.

Silvio Almeida rebate as acusações e sua condição de inocente, até prova em contrário, precisa ser legalmente preservada por se tratar de um direito que é dado a todos nós. No entanto, entendemos que acertou o presidente Lula, do ponto de vista político, até pela causa com a qual o acusado tem uma uma rica história de defesa, ao determinar seu afastamento do cargo diante das acusações sérias que foram apresentadas contra ele.

As investigações devem agora prosseguir e precisam ser céleres, no âmbito do governo e nas instâncias policiais e jurídicas, para que tudo seja esclarecido diante da sociedade. Mais do que simplesmente pessoas, aqui referindo-se também a Anielle Franco, que não se pronunciou ainda de maneira clara acerca do que aconteceu, mas respalda o que tem sido divulgado através do seu silêncio, há histórias construídas em cima de bandeiras que nos são caras que precisamos saber se os personagens envolvidos de fato mereciam o reconhecimento que até hoje têm pela contribuição que suas dedicações trouxeram aos avanços que obtivemos ou aos retrocessos que evitamos..

É uma crise grave numa área sensível para um grupo político de linha progressista e que se elegeu com forte discurso de compromisso de resgatar áreas negligenciadas nos quatro anos de gestão de Jair Bolsonaro. Uma lista da qual faziam parte a luta pelos direitos humanos e o tema da igualdade racial, exatamente os dois ministérios cujos titulares se vêm envolvidos de maneira direta no episódio crítico. Um terrível golpe numa pauta que, certamente, o presidente Lula não estava preparado para enfrentar dissabores no nível dos que têm tirado seu sono nas últimas noites e tende a mantê-lo preocupado e tenso pelos próximos dias. 

 

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