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Editorial: O fortalezense tem direito a uma praia limpa
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Editorial: O fortalezense tem direito a uma praia limpa

Um dos principais cartões postais de Fortaleza segue a triste realidade da exposição à sujeira. Matéria publicada na edição da última quinta-feira, 5, do O POVO revela que a Prefeitura da Capital identificou 228 imóveis lançando esgoto de maneira irregular na Praia de Iracema entre novembro de 2023 e agosto deste ano.

Além disso, a administração municipal registrou 167 casos de interferência da rede de drenagem e pontos de extravasamento de poços de visita, estes sob gestão estadual da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), que nega o despejo irregular de esgoto.

A área mais afetada é a que popularmente ficou conhecida nos últimos anos como Praia dos Crush. Embora seja um trecho da orla bastante frequentado pelo fortalezense e por turistas, sobretudo nos fins de semana, é uma faixa do litoral que habitualmente consta como imprópria para o banho nos boletins de balneabilidade divulgados semanalmente pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace).

Esse mesmo trecho da Praia dos Crush, por exemplo, esteve com contaminação fecal ao longo de 78% do ano de 2023. Poluição causada por bolsões de esgoto clandestinos que dividem espaço com os banhistas e despejam irregularmente resíduos no mar.

A questão do esgoto na região da Praia de Iracema esteve recentemente no centro de uma troca de acusações envolvendo Prefeitura de Fortaleza e Governo do Ceará, cujas gestões já não falam mais a mesma língua politicamente. Independentemente das diferenças que possam haver, é necessário que os agentes públicos encontrem soluções e parem com o "jogo de empurra" no qual só quem sai perdendo é o cidadão.

Tal cenário é inaceitável. Chega a ser difícil crer que estejamos em 2024, na quarta maior cidade do País, diante de um problema tão primário como um esgoto que desagua no mar.

É urgente que o poder público encontre soluções para o problema e impeça que esses efluentes continuem a contaminar a orla. Prejudicando a saúde das pessoas e impactando o meio ambiente.

Trata-se de uma questão recorrente que evidencia uma negligência de muitos anos e a qual não fica restrita a somente um ponto da Cidade. Se em apenas um trecho - localizado em uma área nobre da Capital - são mais de duas centenas de imóveis despejando esgoto de maneira irregular no mar, qual não será o panorama em outros locais de Fortaleza?

Além dos aspectos turístico, visual, ambiental e econômico envolvidos com a questão da sujeira, a praia é, antes de tudo, um local de lazer que não pode ser maltratado. A praia em uma grande Capital como Fortaleza simboliza a ocupação democrática e popular do espaço público. Um bem natural que, por consequência do descaso, deixa de estar acessível em sua plenitude para os fortalezenses e para aqueles que nos visitam. 

 

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