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Um caos que exige explicações
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Editorial opinião

Um caos que exige explicações

Há um conjunto de comportamentos inadequados envolvendo os eventos da última terça-feira que espalharam terror e medo por uma área extensa de Fortaleza, atingindo uma parcela importante dos seus moradores. Muito precisará ser esclarecido, a partir de uma investigação que exige alguma celeridade, acerca do que aconteceu e das várias versões que têm sido apresentadas, valendo registrar que o saldo final aponta pelo menos uma vida perdida, além de um número expressivo de vítimas com ferimentos.

A morte de Mayane dos Reis, 28 anos, expõe apenas o aspecto mais dramático de um quadro de caos que, no geral, é inaceitável. Veículos de transporte coletivo apedrejados, pelo menos 14 linhas impedidas de seguir atendendo normalmente seus roteiros e deixando milhares de pessoas sem seu principal meio de deslocamento pela cidade, barricadas atrapalhando o trânsito em vias públicas, confrontos violentos entre populares e policiais militares, enfim, enfrentou-se um quadro geral de grandes transtornos e que, para além das perdas pessoais e materiais, determina agora que se faça uma reflexão muito ampla e profunda. Da parte de todos.

Claro que a responsabilidade inicial mais importante é das forças do Estado, no aparelho de segurança pública e na estrutura de Justiça, em especial, para apurar exatamente o que aconteceu. Houve excesso na ação de desapropriação da área ocupada? Quem participou da operação estava autorizado - e por quem - a fazê-lo? Outras dúvidas persistem e precisam ser dirimidas ao longo dos próximos dias como forma de atenuar preocupações e deixar a sociedade mais tranquila em relação à atuação dos agentes públicos no contexto confuso que cercou o episódio.

Até parece compreensível, de início, que alguém que seja proprietário de uma área ocupada indevidamente tenha recorrido à justiça pelo reconhecimento do seu direito legítimo de tentar reavê-la. É preciso entender, no entanto, se a retirada das famílias que ali estavam se deu dentro dos parâmetros legais permitidos considerando que há chances de estar ali a origem da desordem generalizada observada na ocasião, sob espanto de toda a cidade.

Há evidências de que o cenário confuso ainda foi agravado pela entrada em cena de elementos do crime organizado, ligado às facções criminosas que disputam o controle de várias regiões de Fortaleza, em situações episódicas de confronto com forças policiais. O certo é que os familiares de Mayane dos Reis precisam de uma resposta para o quê de mais grave ficou de saldo para eles, a perda de um ente querido, mas, no geral, muito precisa ser explicado e entendido para reduzirmos o risco de repetição de um cenário que até parece afetar apenas uma parte específica, mas, na verdade, acaba por ter seus efeitos espalhados por toda a cidade. n

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