
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
É muito grave o que aconteceu domingo à noite durante o debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo organizado pela TV Cultura. A agressão física de José Luiz Datena (PSDB) contra Pablo Marçal (PRTB) representa uma etapa nova, e preocupante, de um processo que, em verdade, já vinha em ritmo acelerado de degradação e que indicava como previsível um evento radical do tipo. A cadeira que mirou em Marçal acabou acertando na democracia.
A campanha paulistana, pela presença do candidato agredido no episódio e seu comportamento inadequado desde o início, além do próprio fato de se tratar da maior cidade do País, tem sido acompanhada com atenção especial. Nada conseguirá justificar a atitude violenta de Datena, mas uma análise fria sobre as circunstâncias em que aconteceu precisa considerar o quadro de maneira mais ampla e profunda. Desde que, claro, não se faça qualquer esforço de entendê-la como aceitável.
Pablo Marçal, desde quando apareceu na cena política e eleitoral, tem agido de uma maneira que um processo democrático sadio não pode absorver e deve se sentir obrigado a buscar enquadrá-lo em regras de
civilidade às quais não parece acostumado em sua vida pessoal, aparentemente exitosa, como coach e empresário. Por exemplo, o comportamento que o tempo todo adota em relação aos adversários é de um desrespeito grosseiro e inaceitável, alimentando uma animosidade que vai muito além dos limites determinados pela convivência necessária com o diferente que a prática política impõe. Não se trata de uma opção que lhe esteja dada.
O eleito, seja quem for, precisará governar para o conjunto das pessoas e não apenas para os seus, o que exige, já a partir da campanha, uma postura de tolerância que ele não aparenta e nem faz qualquer questão de demonstrar que tenha. Pablo Marçal não parece preparado para tal exercício, apesar do crescimento no apoio popular que experimenta nas pesquisas de opinião pública desde quando a caminhada eleitoral começou, aspecto que, por si, não funciona como fator de legitimação de um projeto ou de uma pessoa. Mesmo que, repita-se sempre, a agressão de que foi vítima não represente a resposta mais adequada à falta de capacidade política que expõe em seu comportamento como candidato.
O que se espera, configurada a situação condenável, é que a reação do público ao acontecimento lamentável do domingo à noite seja de racionalidade e, de fato, resulte de uma compreensão ajustada sobre o tamanho da gravidade que o episódio simboliza, considerando também as causas. Da parte dos que organizam o processo eleitoral, por outro lado, que fique a lição da necessidade de uma ação com um pouco mais de rigor, no tempo certo, para enfrentar quem entra na política sem demonstrar disposição de respeitar regras que fazem parte do jogo democrático e que são inegociáveis. n
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