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O cenário de seca ressurge no Ceará
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Editorial opinião

O cenário de seca ressurge no Ceará

O momento de retorno rápido dos registros locais de seca leve e o lastro nacional, com territórios em seca excepcional em parte do Norte e de seca extrema em faixas do Centro-Oeste e Sudeste, exige atenção e monitoramento constante
Tipo Opinião

A história do Ceará está intrinsecamente ligada à falta d'água. Com 95% dos municípios fazendo parte do semi-árido, que se caracteriza pela escassez hídrica, o Estado desenvolve há décadas o maior programa de açudagem do Brasil, um investimento que remonta aos tempos imperiais. Sob o risco de escassez hídrica, o Ceará amortece os perigos com uma estrutura de monitoramento que é referência nacional. Os dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), há já 10 anos, municiam o Monitor das Secas do Brasil, da Agência Nacional de Águas (ANA).

Na época de sua criação, a ferramenta se restringia ao Nordeste, que vivia dura estiagem. No Ceará, foi a mais longa seca já registrada. Já neste ano de 2024, considerado o mais seco da história do Brasil, o Ceará é uma exceção. Flanqueado pelo aquecimento do Oceano Atlântico, o Estado teve uma quadra chuvosa 25% acima da média histórica. Com a boa distribuição de chuvas, é, hoje, a segunda unidade federativa nacional com menor índice de seca, segundo o Monitor, ficando apenas atrás do Rio Grande do Sul.

O Ceará fechou julho de 2024 com 5% do território apresentando um cenário de seca fraca confirmado, além de 95% livre, por ora, do fenômeno. É uma realidade bem mais segura do que a dos anos anteriores. Em 2023, o percentual de seca fraca era de 33,73%. Já em 2021, 60% das terras pediam por água, em um quadro de seca moderada.

Com o fim da quadra chuvosa, o Ceará tende ao avanço de um cenário de seca. Em junho, ele se restringia a menos de 1% do território estadual. Em julho, passou dos 5%. Em agosto, atingiu 12,5%, com impactos de curto prazo ao sul e ao leste do Estado. É um cenário que exige cuidado, já que as precipitações só devem se intensificar entre fevereiro e março de 2025.

O momento de retorno rápido dos registros locais de seca leve e o lastro nacional, com territórios em seca excepcional em parte do Norte e de seca extrema em faixas do Centro-Oeste e Sudeste, exige atenção e monitoramento constante.

Ao Governo do Ceará, cabe o monitoramento, as medidas preventivas e o controle emergencial. É um contexto em que órgãos como Funceme, Secretaria dos Recursos Hídricos, Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos e Defesa Civil provam ter um papel fundamental para o Estado.

Já para o Governo Federal, a seca que se estendeu a praticamente todo o território nacional agrava a realidade das mudanças climáticas, naquele que é tido como o ano mais quente já registrado na Terra. Os incêndios, frutos da ação humana e do colapso do clima, se alastram no território brasileiro. É urgente uma resposta não só rápida, mas com o peso que o risco às vidas demanda.

 

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