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A 79ª Assembleia Geral da ONU
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Editorial opinião

A 79ª Assembleia Geral da ONU

A Organização das Nações Unidas (ONU) abre hoje sua 79ª Assembleia, com o tradicional discurso de abertura pelo presidente do Brasil, em meio, talvez, à maior crise de seus 79 anos de existência. É emblemático que às vésperas do encontro, exatamente, o governo de Israel tenha decidido implementar ataque de grandes proporções à região sul do Líbano como novo capítulo de uma guerra iniciada em 7 de outubro de 2023, quando terroristas do Hamas, grupo palestino, invadiu uma área de colonos próximo à fronteira com Gaza e espalhou pânico, violência e mortes, além de fazer um número expressivo de reféns.

O fato é que os conflitos no Oriente Médio, que hoje dividem a atenção da comunidade internacional com os acontecimentos violentos na fronteira entre Rússia e Ucrânia, também com registros de destruições, perdas e mortes, denunciam o momento de fragilidade política que marca o respeito (falta de) à ONU nos tempos atuais.

Há quase um consenso entre os líderes globais de que a entidade não mais consegue se legitimar como espaço onde o diálogo prevalece e as soluções podem surgir pelo caminho do entendimento, o que permitia que se evitasse a opção trágica pela guerra e as armas. A verdade é que suas resoluções e orientações têm sido ignoradas com uma frequência que justifica o quadro de conflitos e tensões que se espalha pelo mundo.

A expectativa é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na fala de hoje, seja duro com o cenário e reafirme a tese antiga brasileira de que a ONU precisa de uma ampla reformulação para se adequar a uma realidade nova e a desafios contemporâneos. Em instâncias de decisões importantes da Organização, como o Conselho de Segurança, os mesmos de sempre continuam dando as cartas. Por outro lado, países que conquistaram relevância e assumiram papéis de protagonismo com o passar do tempo não se vêem considerados com a relevância e influência que conquistaram no mundo real.

O descontentamento é amplo e, por exemplo, deu o tom de uma reunião preparatória que aconteceu no domingo em Nova York, a chamada Cúpula do Futuro. O próprio Lula teve a palavra no encontro e adiantou, muito possivelmente, o tom de sua fala nesta terça-feira ao reclamar do momento crítico da ONU, propor uma reformulação ampla para acomodar melhor a realidade do presente à sua estrutura e apontar os desafios que envolvem o Brasil, uma potência fundamental no tocante aos recursos naturais, no debate sobre o amanhã da humanidade que precisa ser discutido com mais vigor desde agora.

Uma pena que as escolhas dos últimos tempos tenham levado à redução da importância da ONU, o que certamente ajuda a explicar o momento global preocupante, no qual a beligerância prevalece sobre o diálogo. Seria uma inocência de nossa parte imaginar que a Assembleia Geral será suficiente para reverter um quadro tão preocupante, mas, sem dúvida, a mudança esperada e exigida passa pela discussão que começa hoje e segue pelos próximos dias. Espera-se que com bons frutos. n

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