
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O clima tenso, e mesmo violento, marca as eleições em várias cidades brasileiras, cujo exemplo mais evidente é São Paulo, cidade nas quais agressões verbais entre os candidatos tornaram-se comuns, e cadeirada e soco já foram desferidos entre adversários, durante debates nos meios de comunicação. Mas, nesse cenário já ruim, sobressai um aspecto negativo de outra ordem: a interferência de facções criminosas nesse período eleitoral, como forma de garantir influência em decisões políticas. O fenômeno está presente em todo o Brasil, inclusive em cidades cearenses.
Reportagem publicada na edição de ontem neste jornal, assinada por Lucas Barbosa, registra depoimentos de candidatos, em Sobral (230 km de Fortaleza), às polícias Civil e Federal (PF). Constam dos relatos intimidações e até tentativa de cobrança de R$ 60 mil para "autorizar" campanhas em áreas controladas por facções.
Há também denúncias de cancelamento de atividades devido a ameaças, inclusive atos de campanha da candidata a prefeita Izolda Cela (PSB), ex-governadora do Ceará, que tiveram de ser suspensos devido ao ataque com rojões contra os participantes do evento. Um candidato a vereador afirmou ter sido impedido de fazer atividades no próprio bairro em que mora. Ainda segundo informações dos declarantes, existiria uma lista de candidatos "liberados" para fazer manifestações. Eles dizem desconhecer o motivo de constarem nessa relação. Um deles afirmou à PF acreditar que o trabalho social que faz em alguns bairros lhe garante livre trânsito.
São casos sujeitos a mais investigação, mas é inegável que o crime organizado passou a ver na política e nos negócios públicos mais uma área de atuação. Os exemplos são muitos e disseminados por todo o País.
Em reportagem na edição de 25/8/2024, o jornal carioca O Globo anota: "A interferência de facções criminosas nas eleições municipais já pode ser detectada nesse início de campanha pelo Brasil, seja no lançamento de candidaturas ligadas a grupos de extermínio, PCC e Comando Vermelho, seja na cobrança de pedágios para entrar em territórios controlados pelo crime organizado".
Exatamente um mês depois, o jornalista Carlos Madeiro (Uol) publicou que PF identificou mensagens por WhatsApp, de um líder de uma facção, dando ordens para vetar o acesso de candidatos a determinados bairros de João Pessoa, visando coagir eleitores a votarem em políticos supostamente ligados ao grupo. O líder faccionado emitiu as ordens de dentro de uma prisão de segurança máxima na Paraíba.
Exemplos poderiam ser repetidos às dezenas, em cidades grandes e pequenas. A situação exige uma atuação rápida e coordenada das autoridades. O crime organizado precisa ser freado com urgência, antes que o quadro chegue a um ponto de não retorno, se já não chegou. n
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