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Por um futebol que não tolera o racismo
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Editorial opinião

Por um futebol que não tolera o racismo

Estudo, produzido pela ONG Observatório da Discriminação Racial, mostra que o número de casos de racismo no futebol brasileiro aumentou quase 40% em 2023
Tipo Opinião

Um relatório divulgado na última semana pela ONG Observatório da Discriminação Racial no Futebol revelou números alarmantes relacionados ao esporte mais popular do País. O estudo mostra que o número de casos de racismo no futebol brasileiro aumentou quase 40% em 2023. Segundo a organização, que publica o levantamento anualmente, foram 136 episódios de racismo registrados em 2023, 38 a mais que no anterior.

O relatório aponta que tais números têm apresentado um aumento quase constante desde 2014, quando o Brasil sediou a Copa do Mundo de futebol masculino e ano no qual a organização começou a contabilizar os casos. Há uma década, foram 25 casos. Apenas em 2020, ano da pandemia de Covid-19 e quando as partidas foram realizadas com portões fechados e arquibancadas vazias, não houve aumento no número de registros.

Os autores do estudo fazem a ponderação de que a alta do número de casos está relacionada também ao aumento de denúncias apresentadas quando ocorrem os atos discriminatórios. Eles citam uma redução "importante, embora ainda insuficiente" da tolerância aos casos de racismo ou injúria racial como um dos elementos para explicar os números.

E levam em conta a possibilidade de haver uma subnotificação de casos, visto que o levantamento é feito com base em publicações na imprensa. Portanto, muitos outros episódios passam despercebidos Brasil afora, sobretudo em competições de menor visibilidade, e não entram no "radar" dos veículos de comunicação e, consequentemente, dos pesquisadores.

Nos últimos anos, foram intensificadas ações com intuito de coibir o racismo no futebol. É necessário, portanto, que entidades ligadas ao esporte como a Fifa e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) atuem em parceria com pesquisadores do tema e o poder público para avaliar o êxito dessas campanhas. Se na prática elas não estão surtindo efeito positivo ou estão motivando um volume maior de denúncias.

Jogador brasileiro de maior destaque na Europa atualmente, o atacante Vinícius Jr., do Real Madrid, se tornou um dos principais expoentes globais a levantar a bandeira do antirracismo. Um atleta que está no topo do esporte de alto rendimento e é exemplo de atuação marcante de como a discriminação e o preconceito têm que ser combatidos e não podem ser tolerados. No esporte ou fora dele.

O futebol é uma das manifestações esportivas e culturais mais incrustadas no seio social brasileiro. Muito disso em virtude do sucesso esportivo de um País pentacampeão do mundo e do encantamento que o Brasil conferiu ao esporte ao longo da história com incontáveis craques e ídolos negros nos gramados. O futebol é um espaço que deve ser democratizado e inclusivo no qual a discriminação não pode ser tolerada.

 

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