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Os desafios do processo eleitoral
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Editorial opinião

Os desafios do processo eleitoral

O fim da propaganda eleitoral no rádio e na TV, que ocorreu na quinta-feira, marca também o aumento das restrições nas campanhas políticas, até o fim das eleições. Resta aos candidatos o corpo a corpo com os eleitores e, cada vez mais, o uso da internet, nos limites permitidos pela lei, para arregimentação de votos.

É recomendável que partidos e candidatos respeitem essas determinações, pois a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, já alertou que a Justiça Eleitoral agirá com severidade contra os infratores. É de se ressaltar que o detalhismo da legislação eleitoral, ainda que incomode alguns, é o que garante ao Brasil um dos sistemas eleitorais mais rápidos e seguros do mundo. No entanto, a internet e as redes sociais impuseram um novo desafio ao TSE, que busca a melhor forma de enquadrar as plataformas nos limites legais, sem ofender a liberdade de expressão.

Do ponto de vista burocrático-administrativo, tudo corre de maneira adequada no sistema eleitoral. Entretanto, o mesmo não se pode dizer de outros aspectos, que também impactam a vida dos cidadãos, mas não são de responsabilidade exclusiva ao TSE.

Como os meios de comunicação devem tratar, por exemplo, os candidatos "disruptivos", que se utilizam dos debates televisivos para promoverem badernas, com o único objetivo de "lacrar" nas redes sociais? É de se lembrar que em debates na cidade de São Paulo, tornou-se uma espécie de "novo normal" os ataques pessoais, insinuações sobre cometimento de crimes (sem evidências) e apelidos pejorativos. A cada confronto de candidatos, a sala de debates tornava-se uma discussão de sarjeta, afora o ataque físico a adversários.

Se nada for feito, é provável que a dose de insanidade aumente em 2026, desafiando a civilidade e a própria democracia. Caminha-se para substituição da política e do debate, por uma arena de Tik Tok, onde prevalecerá aquele que gritar mais alto, e for capaz de produzir mais bizarrices, como trocar de "persona" a cada encontro, de acordo com o ritmo das "curtidas".

Além disso, velhas práticas parecem retornar com mais força nestas eleições, com o aumento de crimes eleitorais, como a compra de votos. Até a quinta-feira, a Polícia Federal (PF) havia apreendido R$ 11 milhões, em dinheiro vivo, e bens no valor de R$ 16 milhões, em todo o País. Ao que tudo indica, recursos para a comprar votos. A PF conduz 2,2 mil inquéritos sobre crimes eleitorais e contra o Estado Democrático de Direito, tendo realizado 40 operações neste ano para combater esse tipo de delito.

Some-se a esse quadro a infiltração das facções criminosas na política, fenômeno que se espalha pelo País, para se ter ideia das urgentes providências que precisam ser tomadas para que esses males não comprometam, de vez, a credibilidade das eleições e da própria democracia. n

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