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Após o Andrea, inspeção predial ainda preocupa
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Após o Andrea, inspeção predial ainda preocupa

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Tipo Opinião

Reportagem publicada na edição de ontem, data em que completaram-se cinco anos do desabamento do edifício Andrea, mostra que a memória da tragédia ainda perturba os sobreviventes. Construído no ano de 1982, localizado no bairro Dionísio Torres, o edifício tinha oito pavimentos, contando o estacionamento, apartamentos e cobertura. Nove pessoas morreram soterradas. A reportagem traz depoimento dos sobreviventes, que contam como o acidente mudou suas vidas, com as consequências persistindo até hoje. No terreno onde ficava o prédio foi construído um quartel do Corpo de Bombeiros, que deverá ser inaugurado na próxima sexta-feira, cumprindo decisão tomada à época pelo então governador do Ceará, Camilo Santana.

No trabalho de resgate e salvamento, trabalharam 130 bombeiros revezando-se durante mais de quatro dias ininterruptos. À comoção causada pelo desabamento seguiu-se intenso movimento de solidariedade que se espalhou por toda a cidade. Dezenas de voluntários dirigiram-se ao local do acidente para abastecer os socorristas com água, café e alimentos. Profissionais das mais diversas áreas, como médicos, psicólogos e fisioterapeutas, também se mobilizaram para oferecer ajuda.

Mas o desmoronamento do edifício trouxe também outra discussão: a ausência de regular inspeção predial nos edifícios de Fortaleza. Na época, o Ministério Público do Ceará (MPCE) informou que, desde a inscrição do Andrea no cartório de registro de imóveis, o edifício nunca havia passado por uma vistoria, até a data em que desabou, mais de 37 anos depois. O MPCE também esclareceu haver uma legislação municipal obrigando às vistorias periódicas, mas que o cumprimento da lei não era acompanhado pela Prefeitura. Após o colapso do edifício Andrea aumentou o número de pedidos de inspeção predial, e mais chamados foram registrados pela Defesa Civil, que chegou a interditar algumas construções.

No entanto, reportagem publicada pelo OP em 7 de dezembro 2023, mostra que, dos 193 edifícios vistoriados em Fortaleza no ano passado, 69% estavam sem o Certificado de Inspeção Predial (CIP). Entre 2021 e 2023, foram interditados 67 prédios, por falta do CIP, havendo mais de mil pedidos de inspeção no mesmo período. Na capital cearense, existem 800 edificações construídas há mais de 50 anos. Logo após o desmoronamento do Andrea, os órgãos de fiscalização e controle de edificações do município formaram um Grupo de Trabalho para melhor o monitoramento, mas a equipe foi desfeita, substituída por um "diálogo sistêmico", segundo a Defesa Civil.

Vistos esses dados, levantados pelo OP , é de se observar que ainda há um déficit entre o que é preciso ser feito, em comparação com as medidas adotadas, insuficientes para prevenir com segurança possíveis novos acidentes.

 

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