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A rotina de tiroteios no Rio de Janeiro
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A rotina de tiroteios no Rio de Janeiro

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Tipo Opinião

Uma operação da Polícia Militar para reprimir roubo de cargas no Complexo de Israel, na zona Norte do Rio de Janeiro, terminou em tragédia. Os policiais foram recebidos a tiros, obrigando à interdição da avenida Brasil, a principal via expressa da cidade. Os disparos deixaram três homens mortos, atingidos na cabeça, e três feridos. Vídeos mostram o pânico de quem estava nas casas vizinhas, nos carros e ônibus, desespero que afetava principalmente crianças.

Segundo o Instituto Fogo Cruzado, este ano já aconteceram 86 tiroteios perto das vias expressas do Grande Rio, a maioria na avenida Brasil. Ou seja, em média, são 8,6 tiroteios por mês, quase nove por dia, somente na proximidade dessas vias. Entre janeiro e setembro deste ano foram contabilizados 1.973 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Destes registros, 711 ocorreram durante ações/operações policiais. No total, 1.150 pessoas foram baleadas, das quais 573 morreram e 577 ficaram feridas.

Pelo que se pode observar, esse tipo de confronto tornou-se comum no Rio de Janeiro, ao ponto de terem se "normalizado", aparecendo nas manchetes apenas quando o desastre ganha proporções inauditas, como foi o caso ocorrido na quinta-feira.

A reação teria partido do grupo criminoso Povo de Israel, liderado por Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como "Peixão", um dos chefes da facção Terceiro Comando Puro. Segundo relatos, ele exerce uma espécie de "ditadura" sobre a comunidade, impondo-se pela violência, achacando comerciantes com a cobranças de taxas.

Mas até agora não houve esclarecimento sobre os motivos que levaram a Polícia a fazer uma operação de grandes proporções, em uma área de intenso movimento, no horário em que um grande número de pessoas está a caminho do trabalho.

O problema de fundo é que o poder das facções se expande cada vez mais, sem que defina uma política para combatê-las de modo eficaz. É por demais evidente que o simples enfrentamento, prisões ou a morte eventual de alguns desses líderes faccionados resultem, por si só, em enfraquecimento desses grupos criminosos, que agem em todo o País.

Depois da catástrofe de quinta-feira, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, voltou a falar da proposta de emenda à Constituição (PEC), que dá mais poderes ao governo federal para coordenar a área de segurança pública. O documento foi entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em junho deste ano, mas está parado na Casa Civil, por divergências sobre seu conteúdo. Porém, esse é um assunto urgente, que deveria merecer mais atenção do Legislativo, do Executivo e do Judiciário, de modo a encontrar um ponto de equilíbrio.

O se vai esperar que a situação chegue a um ponto de não retorno, já que as facções estão espalhadas por todo o território nacional, em cidades grandes e pequenas?

 

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