
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
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Mais de seis anos após o atentado que ceifou a vida da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, os executores do crime, dois ex-policiais militares, foram julgados e condenados. Réus confessos, Ronnie Lessa, o atirador, e Élcio Queiroz, que dirigiu o carro usado na prática dos homicídios, receberam penas que, somadas, passam de 138 anos de prisão.
Agora é a vez dos chefes. Estão na fila para serem julgados como mandantes do crime os irmãos Chiquinho Brazão (deputado federal) e Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro. Além deles, Rivaldo Barbosa (ex-chefe da Polícia Civil do Rio), apontado como mentor do crime; Robson Calixto (ex-policial militar) e o major Ronald Paulo Alves Pereira. Respectivamente, seriam encarregados de sumir com a arma utilizada no ataque e de monitorar a rotina de Marielle.
Antes da leitura do veredito, a juíza Lúcia Glioche, do 4º Tribunal do Júri, destacou: "A sentença que será lida agora se dirige aos acusados aqui presentes, e mais, ela se dirige aos vários 'ronnies' e vários 'élcios' que existem na cidade do Rio de Janeiro, livres por aí".
Apesar da advertência da magistrada, é otimismo imaginar que o julgamento vá inibir a ousadia de criminosos desse porte. É de se destacar que, entre os envolvidos, até agora apresentados, encontram-se três ex-PMs, um major, um delegado da Polícia Civil, um deputado federal e um conselheiro de tribunal de contas. Essas conexões sugerem que o crime organizado vem se instalando nas instituições de Estado. E, mesmo com o impacto que os assassinatos causaram no Brasil, com grande repercussão internacional, ainda assim houve risco de o processo ser destinado à gaveta dos casos não resolvidos.
Observe-se que o ministro Ricardo Lewandowski mencionou o caso Marielle na reunião com governadores para discutir a PEC da Segurança Pública. Ele disse que a Polícia do Rio "demorou cinco anos para elucidar o crime e não elucidou", e que a "combativa Polícia Federal entrou com sete homens e desvendou esse lamentável crime". Quando fez a afirmação, o ministro falava das mudanças previstas na PEC da Segurança Pública. Uma das medidas seria incluir entre as atribuições da PF a permissão para enfrentar milícias privadas.
O governo tem razão ao insistir na PEC da Segurança Pública, pois a forma de combater a criminalidade, principalmente o crime organizado, está falida. Não é razoável que alguns governadores critiquem a PEC, temendo perder o controle de suas polícias. Alguns ainda não perceberam que o risco maior é perder o controle para a bandidagem, se isso já não aconteceu em alguns lugares.
A trágica morte de Marielle e Anderson deveria servir, no mínimo, como uma luz para ajudar os governantes a encontrarem um caminho que possa oferecer segurança e paz aos brasileiros. n
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