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O que muda na relação entre Brasil e Estados Unidos
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Editorial opinião

O que muda na relação entre Brasil e Estados Unidos

Os americanos deram mais um mandato a Donald Trump, do Partido Republicano, após lhe negarem a reeleição em 2020, quando foi eleito o democrata Joe Biden, que exercerá a Presidência até o dia 19 de janeiro de 2025.

Trump torna-se o 47º presidente dos Estados Unidos da América (EUA), o primeiro a assumir o mandato com uma condenação criminal. Diferentemente do que ocorre no Brasil, em que sentenciados por um colegiado de juízes ficam proibidos de concorrer a cargos eletivos, nos Estados Unidos não existe nenhum tipo de restrição.

Rapidamente, líderes de todo o mundo parabenizaram o eleito, incluindo o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que havia declarado sua preferência por Kamala Harris. Lula escreveu, em sua rede social, um apelo à concórdia: "A democracia é a voz do povo e ela deve ser sempre respeitada. O mundo precisa de diálogo e trabalho conjunto para termos mais paz, desenvolvimento e prosperidade".

Melhor assim, pois independentemente das simpatias pessoais ou políticas entre uma e outra candidatura, Lula precisa manter uma convivência respeitosa com Trump. Mesmo porque fortes laços econômicos e de amizade unem os dois países há muito tempo. Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, depois da China. O comércio bilateral de bens e serviços entre Brasil e EUA passa de 100 bilhões de dólares anuais. É difícil crer que Lula ou Trump queiram pôr em risco esse comércio, com atitudes impensadas. Ainda é preciso lembrar que expectativas negativas de convivência do presidente brasileiro com homólogos republicanos nem sempre se confirmam. A relação entre Lula — no seu primeiro e segundo mandatos — e George W. Bush foi pragmática e cordial.

Observe-se, porém, que Bush nunca se apresentou como "antissistema", nem ameaçava as instituições americanas, como faz o presidente eleito. O principal jornal americano, The New Yok Times, anotou que Trump retorna "após uma campanha sombria", assinalando, em editorial, que o republicano foi uma "escolha perigosa", que "ameaça a nação".

Observe-se que o perigo não se resume aos Estados Unidos. Líderes extremistas de todo o mundo comemoram a vitória de Trump, considerando que ele impulsionará as propostas desse campo ideológico. Portanto, seria ingenuidade supor que não haverá repercussão na política interna do Brasil quando Trump ocupar o Salão Oval.

O ex-presidente, Jair Bolsonaro, cumprimentou o "amigo" por sua vitória, pedindo "que a vitória de Trump inspire o Brasil a seguir o mesmo caminho". O que Bolsonaro pretende é livrar-se da condição de inelegível e apresentar-se como candidato a presidente em 2026. Que a eleição de Trump deu-lhe, e a seus aliados, mais ânimo, não há dúvida. Quanto a isso influir nos processos que correm contra ele no Supremo Tribunal Federal, as chances são irrelevantes, senão inexistentes. n

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