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Favelização é desafio para o Ceará
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Editorial opinião

Favelização é desafio para o Ceará

Dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados na semana passada em todo o país, mostram um avançado processo de favelização no Ceará, notadamente em Fortaleza, onde um a cada cinco habitantes vive nesse tipo de construção.

Por favela, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entende-se toda moradia precária sem acesso assegurado a serviços essenciais, tais como rede de esgoto e de água, tampouco patamares de higiene. Hoje, o estado tem 749.640 pessoas alocadas em favelas, que se espalham por 30 municípios no território. Dessa população, 578.071 estão na capital cearense e áreas contíguas.

De acordo com reportagem do O POVO publicada na sexta-feira, 8, "isso torna a Concentração Urbana de Fortaleza a terceira maior em densidade demográfica dentro das favelas, atrás apenas das concentrações do Rio de Janeiro e São Paulo".

Em pouco mais de uma década, o contingente de favelas no Ceará quase triplicou, passando de 226 em 14 municípios para 702 em três dezenas, numa interiorização igualmente acelerada. Considerando-se esse total, 503 aglomerações ficam em Fortaleza. A maior delas é a da comunidade Santa Elisa, no bairro Pirambu, com mais de 24 mil pessoas, ou seja, uma localidade mais povoada do que algumas cidades cearenses.

No mapa nacional, o Ceará ocupa a 5ª posição em quantidade de favelas, atrás somente de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Pará.

Sob qualquer ângulo que se veja, então, o quadro é desafiador porque impõe aos governos estadual e municipal a missão de atuar conjuntamente para encontrar solução para problema de dimensões multifatoriais, que requer resposta no curto, médio e longo prazos.

Evidentemente que não se trata de estigmatizar essas concentrações urbanas nem seus moradores, mas de entender que a falta de habitabilidade mínima amplifica outras carências, a exemplo das questões envolvendo saúde, educação e segurança.

Sem esse tripé bem assentado, as deficiências sociais tendem a se retroalimentar, de modo que o fosso entre ricos e pobres acaba por se acentuar mais ainda numa metrópole já bastante desigual como é a 4ª maior cidade do Brasil.

A esse abismo da renda corresponde na prática uma segregação habitacional, com formação de bolsões de miséria e péssimas condições de vida, conjugadas com baixo investimento e oferta de serviços. Esse é o triste retrato revelado pelo IBGE. O contexto era assim em 2012, mas se deteriorou nesse período.

Ao poder público (Estado, prefeituras e União) impõe-se a tarefa urgente de conter o fenômeno de espraiamento da favela, que vai englobando mais e mais espaço, ramificando-se e avançando Ceará adentro. É uma agenda essencial que compete aos gestores, sobretudo quando se toma o alinhamento político como elemento de coesão vde princípios e de orientação concertada para a ação. Que esse entrosamento surta efeito de imediato, portanto. Do contrário, terá sido unicamente retórica vazia. n

 

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