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Ação ousada que pede uma resposta firme
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Editorial opinião

Ação ousada que pede uma resposta firme

O fato de o crime organizado haver escolhido uma área de grande circulação geral de pessoas, numa hora e dia de movimento em alta, diz muito do que aconteceu na tarde da última sexta-feira no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, o maior do País. Empresário na área de compra e venda de imóveis, que estava sob investigação pela suspeita de vínculos com o Primeiro Comando da Capital (PCC), Antônio Vinícius Lopes Gritzbach foi fulminado por tiros de fuzil, logo após voltar de uma viagem a Maceió. Mais do que a violência, em si, o episódio expõe uma ousadia inédita do crime organizado.

Como seria normal imaginar, a ação fez vítimas inocentes em meio a mais de 27 tiros (conforme contagem de cápsulas recuperadas pelos investigadores), dentre elas, o motorista de aplicativo Celso Araújo Novais, que teria a morte anunciada após ser levado em estado grave a um hospital próximo ao aeroporto. Sem qualquer ligação que se conheça com a organização criminosa ou com a vítima-alvo, seu azar foi o de estar no lugar errado, na hora errada. Ou seja, para se ter uma ideia da gravidade do que aconteceu, isso representava estar trabalhando em área próxima ao principal aeroporto do Brasil.

O que pior pode acontecer é deixar que a tal polarização política, que o tempo todo divide o País entre bons e maus, nós e eles, domine o debate em torno do inaceitável evento violento. Como, infelizmente, existem sinais de que pode acontecer caso prevaleçam algumas posições já publicamente expostas, inclusive da parte de gente com responsabilidade pública.

No exemplo mais eloquente, o senador paranaense Sergio Moro (União Brasil) anuncia que convocará o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para dar explicações. Muito embora saiba, imagina-se - já que tem toda uma vida pública construída como magistrado até entrar na política -, que a responsabilidade legal pela segurança naquela área onde aconteceu o crime era do governo estadual de São Paulo.

Nem é a questão principal, diga-se. Todos que fazem parte do Estado, na instância que for, precisam ser cobrados em relação à resposta que o evento requer e com a rapidez que ela precisa aparecer para deixar claro que o crime organizado, com a força real que tenha, não conseguirá se impor. Há atribuições e limites bem definidos, cabendo às autoridades de todos os governos encontrarem meios de unir forças e esforços no sentido comum de proteger o cidadão e garantir a segurança dos espaços públicos pelos quais circula.

O caso é emblemático e desafia a todos no mesmo plano, sociedade e governos. Qualquer sinal que oferecermos de desarticulação representará um novo incentivo ao crime organizado para que continue em sua escalada de desafios à ordem e às autoridades. A resposta precisa ser firme e rápida. n

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