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Rede de exploração sexual nas BRs
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Editorial opinião

Rede de exploração sexual nas BRs

Reportagem na edição de ontem, assinada pela jornalista Lara Vieira, mostra que nas rodovias federais (BRs) que cortam o Ceará, existem 498 pontos de risco para a exploração sexual de crianças e adolescentes. O levantamento apontou Fortaleza como o município cearense com o maior número de pontos vulneráveis, com 56 locais identificados.

Os dados foram coletados pelo Projeto Mapear (biênio 2023/24), realizado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Childhood Brasil, entidade de proteção à infância e à adolescência. As estatísticas incluem verificação em estabelecimentos comerciais, hotéis, motéis e postos de combustíveis, entre outros locais, às margens das rodovias federais.

Em sua 10ª edição, o projeto mapeou 17.687 pontos vulneráveis em todo o País, que podem representar riscos às crianças e adolescentes. Em relação ao biênio anterior houve aumento de 83,2% dos casos, com 9.653 indicações.

No entanto, os organizadores do levantamento advertem que o aumento percentual ocorre devido a pesquisas mais criteriosas e rotineiras nas estradas. Na escala utilizada pela PRF os pontos são identificados por níveis de risco: baixo (9.077 locais), médio (5.237), alto (2.566), crítico (807).

Essa violência, que atinge crianças e jovens, é uma tragédia de muito tempo. Reportagem especial de Jáder Santana, "Futuro à venda", publicada do OP (novembro 2023), mostrou que O POVO reporta o assunto desde os anos 1950. Em dezembro de 2006, uma equipe de jornalistas produziu a reportagem "Documento BR", levantando as diversas regiões do Ceará onde o crime ocorria, relatando casos e tomando depoimento de quem participava da rede de exploração, criminosos e vítimas. Se esse caminho for refeito, 17 anos depois, a situação estará na mesma, ou pior. Nenhuma iniciativa oficial consegue pôr fim a esse horror.

Corinne Sciortino, oficial de proteção à criança do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), defende a atuação integrada entre Conselhos Tutelares, serviços de assistência social, Justiça e polícias para combater as redes de exploração sexual e oferecer proteção às vítimas. A Secretaria dos Direitos Humanos do Ceará afirma que, em cooperação com o Ministério dos Direitos Humanos, recebe e monitora denúncias do Disque 100.

Mas, pelo que se observa na reportagem, existe mesmo falta de coordenação entre os órgãos, que deveriam atuar em conjunto para enfrentar o problema. Cada um garante que faz a parte que lhe cabe, mas verifica-se a falta de integração com outros atores e instituições para um trabalho mais eficaz.

Essa situação dramática deveria sensibilizar a todos, pois estamos falando de crianças, o setor mais vulnerável da sociedade, vivendo em condições abjetas. n

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