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Editorial: Sinais preocupantes na transição
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Editorial: Sinais preocupantes na transição

É o caso do IJF, em torno do qual parece já ter havido entendimento depois da pressão exercida pela opinião pública, que fez com que as instituições firmassem compromisso de apresentarem solução para a falta de medicamentos e de insumos básicos
Tipo Opinião

Embora tenha começado sob chave republicana, a transição entre as gestões de José Sarto (PDT), atual incumbente de Fortaleza, e de Evandro Leitão (PT), prefeito eleito da Capital, dá sinais que inspiram preocupação, entre os quais aqueles que apontam para descontinuidade de programas ou mesmo sua interrupção, parcial ou total.

É o caso do IJF, em torno do qual parece já ter havido entendimento depois da pressão exercida pela opinião pública, que fez com que as instituições firmassem compromisso de apresentarem solução para a falta de medicamentos e de insumos básicos. Até lá, todavia, o maior hospital de trauma do Ceará segue operando com dificuldades para atender quem o procura.

Note-se que o problema se deu após as eleições para chefe do Executivo local, ou seja, até pouco mais de um mês atrás, a situação era de relativa normalidade. De duas, uma: ou a unidade já se mantinha com precariedade, mas sem que a deficiência se explicitasse; ou a administração desandou apenas depois do pleito, demonstrando falta de zelo com o equipamento.

Mas, afora o IJF, há outros exemplos que levam a pensar que, ainda sem se falar em desmonte, o que se vê é já talvez próximo disso. A título de exemplo, vale citar o centro que atende a uma numerosa população em situação de rua, desmantelado sem grandes explicações, além da suspensão no pagamento de bolsa para jovens, ambos retomados em meio à grita que se seguiu.

Episódios em aparência pontuais, tais como o sumiço dos populares "xiringadores" e a tentativa de contratação de empréstimo no apagar das luzes, constituem mostra de que a mesma lógica de "fim de festa" assombra os atos derradeiros do governo de Sarto. É uma pena que a gestão se encaminhe assim para seu desfecho, notadamente porque prejudica somente a população de Fortaleza, para a qual o pedetista é o prefeito da cidade até o último dia de seu mandato, não interessa como tenha sido a campanha, tampouco que não haja logrado reeleger-se.

De qualquer gestor se esperam respeito e compromisso com as tarefas assumidas no ato de sua investidura como servidor quatro anos antes, nem mais nem menos. Sua responsabilidade compreende o tempo estrito que transcorre nesse intervalo, incluindo-se a reta final, durante a qual o sucessor não se efetivou, mas cujo êxito inicial depende desde agora de uma saudável transição.

Roga-se, então, que Sarto e Evandro repactuem os termos da sua passagem de poder, de modo a não fazer recair sobre os fortalezenses os efeitos de desentendimentos, seja de que ordem forem.

A um certamente interessa concluir com honradez e brio sua trajetória à frente do Paço, evitando máculas desnecessárias; ao outro cumpre abrir os trabalhos sem demora, priorizando áreas mais sensíveis e cujo andamento não se pode jamais deixar afetar por veleidades políticas.

Já às autoridades cearenses cabe acompanhar mais de perto esse processo às vezes acidentado, como não foge à regra o que se desenrola, exigindo de cada parte envolvida que esteja à altura do papel que desempenha, quer de prefeito que entra, quer de prefeito que sai. 

 

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