
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
É fato que, na atualidade, assiste-se ao crescimento da extrema direita em vários países do mundo, Brasil incluso. Ao mesmo tempo, observa-se forte reação da sociedade civil e de instituições para barrar o perigo que governos autoritários — de direita ou de esquerda — representam. É comum, na Europa, como já se assistiu na Alemanha e na França, a unidade da esquerda com a direita democrática para barrar a ascensão de líderes com a pretensão de instalar regimes iliberais, ou abertamente autoritários.
Esses candidatos a ditador chegam ao governo disputando o voto popular, mas visando destruir a democracia por dentro. A receita que usam é restringir as liberdades e controlar as instituições, manipulando a Justiça e o sistema eleitoral, como acontece na Venezuela. Isso não impede, porém, de se apoiarem nos quartéis, quando encontram espaço para articulações inconstitucionais na hierarquia das Forças Armadas.
É nesse contexto que está inserida a tentativa de golpe que aconteceu na Coreia do Sul, iniciativa do presidente Yoon Suk Yeol, por meio de uma lei marcial, que pretendia dissolver o parlamento e restringir liberdades civis, sob a velha desculpa da "ameaça comunista". Menos de 24 horas depois, ele foi obrigado a recuar, após a Assembleia Nacional ter rejeitado a lei marcial, com o apoio de milhares de sul-coreanos nas ruas, em protesto contra o golpe.
A jovem democracia coreana, que se consolidou no fim da década de 1980, está passando por uma prova de fogo, mas tudo indica que vai superar esse atropelo. A política na Coreia do Sul, como em diversos países do globo, também está "polarizada", com divergências praticamente insanáveis entre situação e oposição. Mas os sul-coreanos demonstraram que não querem prescindir da democracia, rejeitando soluções autoritárias para superar o impasse.
Apesar da distância física que os separa e das diferenças culturais entre os países, é forçoso reconhecer semelhanças entre o que acontece no Brasil — uma democracia também em consolidação — e na Coreia do Sul. Yoon Suk Yeol também chegou à presidência apresentando-se como um paladino anticorrupção. Entretanto, com dois anos de governo, viu sua popularidade despencar, passando a amargar ampla rejeição, com uma oposição majoritária no parlamento. A lei marcial, se de fato vingasse, daria poderes ao presidente de implementar sua política, livre
de incômodos.
No Brasil, a "minuta do golpe", com a decretação de estado de sítio — como a lei marcial na Coreia do Sul —, daria ao então presidente Jair Bolsonaro o poder de suspender garantias constitucionais, entre outras medidas autoritárias.
Felizmente, os dois golpes falharam. Yoon Suk Yeol está sob risco iminente de sofrer um impeachment; por sua vez, Bolsonaro e seus aliados foram indiciados pela Polícia Federal e terão de enfrentar um julgamento no Supremo Tribunal Federal. n
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