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Chuvas de dezembro são alerta
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Editorial opinião

Chuvas de dezembro são alerta

Em fevereiro, a maior chuva deste ano cancelou a programação do Carnaval. Já era quadra chuvosa — ainda que em um mês historicamente mais ameno — e, ainda assim, o volume pluviométrico foi capaz de parar Fortaleza.

Estamos em dezembro, o primeiro de dois meses da pré-estação chuvosa. Ou seja, o período em que pancadas de chuva intermitentes começam a testar se a Capital já está preparada para os desafios da quadra chuvosa, entre fevereiro e maio. Eis que a imprevisibilidade atuou novamente: Fortaleza já recebeu mais do que o triplo do volume pluviométrico esperado para todo o mês.

Diante de cenários chuvosos que desafiam os históricos estabelecidos, destaca-se a urgência de soluções definitivas. O Ceará é um estado de semiárido, mas Fortaleza recebe volumes pluviométricos elevados — quase sempre concentrados em quatro meses. Quase é a palavra-chave.

O mundo vive um período de aceleração da imprevisibilidade climática. Surgem mais áreas verdes no Ártico e ocorrem alagamentos no deserto do Saara. Isso é fruto da ação humana, que acelerou as mudanças climáticas. No Ceará, durante décadas, desejou-se a chuva nos quatro meses previsíveis da quadra chuvosa, enquanto os demais períodos se resumiam a calor e precipitações raras.

Essa intercorrência faz com que a adaptação para o período chuvoso se restrinja aos meses tradicionalmente chuvosos. A malha viária, a rede elétrica, entre outras infraestruturas, só são reforçadas às vésperas da iminência de desastres climáticos.

É necessário um entendimento mais amplo. O imprevisível está cada vez mais atuante. Fortaleza precisa estar sempre preparada, porque as chuvas não são um malogro, mas a nascente de um recurso essencial para todo o Estado.

Nesta quarta e quinta-feira dessa semana, Fortaleza registrou máxima de mais de 100 milímetros de chuva. Uma marca que dificilmente deixa a cidade incólume. E, assim, ocorreram quedas de energia, semáforos apagados, buracos em vias públicas e o caos que sucede toda grande chuva em Fortaleza. Ainda assim, pode não ter passado de um alerta para desafios maiores a partir de fevereiro.

Tais desafios trazem outro elemento complicador. A Capital está em um conturbado período de transição entre os governos de José Sarto (PDT) e do prefeito eleito Evandro Leitão (PT), com acusações de negligência e falta de transparência entre si.

A população, entretanto, não pode ficar à mercê dos humores político-partidários. O bem comum se sobrepõe às rivalidades. A prevenção não só é mais justa com o povo, como também mais econômica para os cofres públicos.

Fortaleza precisa estar pronta, venham as chuvas ou não. As obras necessárias precisam começar o quanto antes, com propostas definitivas para resolver problemas cíclicos e recorrentes. n

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