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A crise na Síria e o futuro incerto
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Editorial opinião

A crise na Síria e o futuro incerto

O mundo ganha uma nova preocupação com o desenrolar dos fatos na Síria, importante e estratégico país do Oriente Médio que vivia sob um regime ditatorial comandado pela família Assad. Primeiro Hafez, ministro da Defesa que assumiria o poder após golpe de Estado em 1971, depois o filho Bashar, em 2000, que o sucederia após a morte do pai, vítima de um ataque cardíaco.

O problema está nas incertezas do novo cenário, que se sobrepõe ao alívio com a queda de um regime marcado pela perseguição aos adversários e pela falta de liberdade em geral. Inexiste clareza em relação ao que virá agora, apesar de compromissos assumidos por vozes dos grupos ligadas ao processo de que a transição respeitará as discordâncias e diferenças.

A principal liderança identificada, Abu Mohammed al-Jolani, fala em nome de uma organização ligada à religião islâmica, que representa uma dissidência da Al Qaeda, o que já cria dúvidas quanto às perspectivas de um novo regime garantir ao povo sírio o direito pleno à livre manifestação religiosa. Os países e os órgãos multilaterais que se envolverem nas conversas que visem uma passagem de poder no nível desejado precisam colocar o tema entre as pautas principais em discussão.

É um momento delicado da geopolítica global, com muitas crises e guerras espalhadas pelo planeta, o que aumenta bastante o desafio colocado diante das lideranças mundiais. Ainda mais pela perda de força dos espaços por onde estas situações costumavam ser encaminhadas para criação de um ambiente favorável ao diálogo possível, em especial a Organização das Nações Unidas (ONU). O pior é que outras instâncias não surgiram com a mesma perspectiva, de buscar saídas negociadas para os grandes conflitos entre povos e nações.

O governo brasileiro diz estar acompanhando a situação para entender os riscos que ela determina para os nossos cidadãos. Cumpre sua obrigação e precisa fazê-lo mesmo, como aliás, aconteceu sob muitos elogios, inclusive da comunidade internacional, quando do recente drama enfrentado pelos nacionais que viviam em Israel, na Palestina e até no Líbano. Os nossos nacionais merecem toda atenção da diplomacia para receberem a assistência devida quando ela se fizer necessária.

Será importante que a comunidade internacional acompanhe o quadro sírio com atenção nos próximos e decisivos dias, agora que está confirmada a fuga do ex-ditador Bashar Assad e sua condição de exilado na Rússia. Forças responsáveis devem ser envolvidas no processo de formação de um grupo que cuide de uma transição que seja capaz de eliminar dúvidas quanto ao futuro, especialmente pelo protagonismo inicial de uma liderança fortemente marcada pelo fundamentalismo no seu conteúdo religioso. n

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