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Saúde de um chefe de Estado é tema de interesse público
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Editorial opinião

Saúde de um chefe de Estado é tema de interesse público

Operado às pressas na madrugada de terça-feira, após sentir dores de cabeça, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou ontem por novo procedimento cirúrgico. Segundo o médico do presidente, Roberto Kalil, a intervenção "foi um sucesso". Aos 79 anos, pelos informes médicos, o presidente vem reagindo bem ao tratamento, conversando normalmente e mantendo-se orientado.

Não há motivo para duvidar das informações sobre a saúde do presidente, pois a equipe que cuida dele é altamente qualificada do ponto de vista técnico, e com uma postura ética irrepreensível. Entretanto, parece haver certa confusão na forma como as notícias são divulgadas, o que não é recomendável em casos assim.

Na primeira entrevista, após a cirurgia para estancar a hemorragia intracraniana, decorrência de uma queda sofrida pelo presidente, a equipe não informou que seria necessário um novo procedimento para evitar novos sangramentos.

O mais adequado seria que os médicos dessem essa informação na entrevista inicial, ainda que fosse apenas uma possibilidade. Ressalte-se que Roberto Kalil disse que a decisão de informar sobre o novo procedimento na quarta-feira foi do próprio Lula, pois a equipe médica pretendia fazê-lo somente ontem.

O fato é que a saúde de um chefe de Estado é assunto que interessa a todo o País. Portanto, os relatos têm de ser repassados de forma clara e na sua completude, para evitar equívocos e desencontros de informações, que podem levar a suposições indevidas.

Em situações assim, misturam-se questões políticas e familiares, que levam a disputas nos bastidores. Segundo informações da GloboNews, a Secretaria de Comunicação Social (Secom), cujo titular é Paulo Pimenta, foi desautorizada por familiares de Lula a divulgar informações sobre a saúde do presidente. Por essa determinação, a responsabilidade de transmitir informes sobre a saúde de Lula caberia exclusivamente ao hospital Sírio-Libanês, onde ele está internado.

Isso explica o fato de, até agora, não haver manifestação oficial de nenhum órgão governamental a respeito da saúde do presidente.

Outra questão em debate é se o vice, Geraldo Alckmin, deveria assumir a Presidência nesse período em que Lula não pode governar. A Constituição é inespecífica casos assim. Assinala apenas, em seu artigo 79, que o vice assume em casos de "impedimento" do presidente, sem relacionar quais seriam as situações. Como Lula optou por não se licenciar do cargo, Alckmin cumpre algumas das agendas presidenciais na condição de vice.

O importante agora é fazer votos para que Lula supere os seus problemas de saúde, e volte a governar brevemente, com plenitude. Mas, até isso acontecer, que as informações sejam repassadas de modo claro e transparente, para que os brasileiros possam acompanhar a recuperação do presidente. n

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