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A prisão de um general quatro estrelas
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Editorial opinião

A prisão de um general quatro estrelas

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É histórico o evento do último final de semana que levou à prisão o general Walter Braga Neto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, candidato à vice-presidência da República como companheiro de chapa de Jair Bolsonaro pelo PL. Um oficial da mais alta patente do Exército é preso pela primeira vez, preventivamente, sob acusação de atuar com a força de sua influência para obstruir as investigações em torno da tentativa de golpe de Estado que agitou o Brasil entre os anos de 2022 e 2023.

Há um debate estabelecido nos meios jurídicos quanto à necessidade objetiva da prisão. Porém, deve-se reconhecer que os investigadores da Polícia Federal e do Ministério Público, e a própria justiça através do STF, têm procurado agir com o máximo de cuidado em relação ao caso, por sua delicadeza política evidente.

É de destacar a atenção observada para evitar espetacularizações ou expor indevidamente os acusados. Não apenas em relação a Braga Neto, mas todas as operações de prisão, desde o começo, têm sido marcadas pela discrição que o bom senso recomenda ou exige em tais situações críticas.

Ao contrário do que acontecia até bem pouco tempo atrás no País, lembremo-nos, quando a exposição dos envolvidos parecia fazer parte de uma estratégia investigatória. Da mesma forma que o simples cumprimento de uma obrigação pelos agentes do Estado, nas forças policiais e na estrutura do Judiciário, era confundida com atos de heroísmo e fruto de uma exploração que depois se resvalou para a política, o que representa, em si, um sinal de distorção nos objetivos.

A verdade é que o Brasil apresenta ao mundo um exemplo de resposta eficiente, até agora, a uma ação criminosa que tinha por objetivo abolir, pela violência, o Estado Democrático de Direito. É justo que os excessos e erros eventualmente cometidos sigam sendo apontados, inclusive para correções necessárias, mas sem deixar de notar o quanto tem sido importante a disposição firme de identificar responsabilidades e buscar as punições devidas. Inclusive contra oficiais de alta patente, quando os fatos apurados assim o determinarem.

Espera-se que a discrição permaneça dando o tom das ações da polícia e dos procuradores envolvidos com as investigações. O que menos precisamos é de espetáculos que venham a desvirtuar o sentido do que está sendo buscado em nome do interesse público, em meio a um contexto político desafiador pelo ambiente de disputa ideológica que busca dividir o mundo, o tempo todo, entre "bolsonaristas" e "lulistas".

O resgate do papel de instituições do Estado, investigando, acusando e punindo quem quer que tenha agido de modo criminoso, é a melhor forma que temos de demonstrar o quanto a nossa democracia está forte e saudável. A ação destes dias contra um general da mais alta patente da carreira militar, sem que as estruturas institucionais sofram qualquer abalo, parece uma confirmação de que estamos no caminho certo. n

 

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