O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
Os últimos anos foram ruins para o Brasil, em termos de meio ambiente, com crescimento assustador dos desastres climáticos. Estudo realizado pela Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica, sob a coordenação do Programa Maré de Ciência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), revela aumento de 250% desses fenômenos no Brasil nos últimos quatro anos (2020-2023), em comparação com a década de 1990. O POVO tratou do assunto em recente editorial, mas com a posse dos novos prefeitos, que terão de enfrentar essa realidade, é forçoso voltar ao tema.
Na média anual foram registrados 4.077 desastres relacionados ao clima no período, praticamente o dobro da média anual, de 2.073, entre 2000 e 2019. O estudo teve apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e do governo brasileiro.
"Os desastres climáticos tornaram-se mais frequentes e intensos nas últimas décadas, refletindo os impactos das mudanças climáticas", anotou o relatório produzido pela Aliança. São categorizados como desastres climáticos secas, inundações, tempestades violentas, temperaturas extremas e deslizamentos de terras. O relatório classificou a situação como "alarmante", relacionando o problema ao aquecimento da temperatura dos oceanos.
Os pesquisadores chegaram à conclusão que, a cada aumento de 0,1ºC na temperatura média global do ar, foram gerados mais 360 desastres climáticos no Brasil. E que, para cada aumento de 0,1°C na temperatura média global da superfície oceânica, foram registrados mais 584 eventos graves.
Observe-se como é delicado o equilíbrio do meio ambiente. Um aparente pequeno aumento da temperatura pode provocar consequências dramáticas. O preocupante é que o estudo ainda afirma que, quando houver consolidação dos dados referentes a 2024, será confirmada a escalada dos desastres climáticos.
O Brasil terá uma grande oportunidade de intervir de maneira importante nesse debate. A próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) será realizada em Belém (PA), em 2025. Uma das questões fundamentais será chegar a um acordo para que todos os países zerem as emissões líquidas de carbono até 2040. Somente assim será possível limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.
Referência em mudanças climáticas, o cientista brasileiro Carlos Nobre disse à Agência Brasil que, na COP30, será preciso "convencer todos os países a zerarem as emissões líquidas até 2040. Não mais em 2050, porque a temperatura pode chegar a 2,5 ºC (acima do nível pré-industrial", um ponto "de não retorno". Para ele, "o Brasil deverá ser o primeiro país, de grandes emissões, a zerar as emissões líquidas até 2040".
Apesar dos prazos apertados, a Organização das Nações Unidas (ONU) entende que ainda é possível alcançar a meta. A esperar que os líderes mundiais entendam a gravidade da situação. n
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